EUA tentam criar imagem de demônio contra quem decidem brigar, diz Lula
Presidente assinou medida provisória de ajuda aos setores afetados pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos em cerimônia no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (13)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou que os Estados Unidos tentam criar uma "imagem de demônio" contra quem decidem brigar. A fala ocorreu durante o evento de assinatura da MP (medida provisória) de ajuda aos setores afetados pelo tarifaço imposto pelo governo do presidente norte-americano, Donald Trump, na tarde desta quarta-feira (13).
“Nossos amigos americanos, toda vez que eles resolvem brigar com alguém, eles tentam criar uma imagem de demônio contra as pessoas que eles querem brigar”, afirmou Lula.
Lula rebateu os argumentos apresentados pelo governo dos EUA ao anunciar o tarifaço, destacando a autonomia do Judiciário brasileiro.
“O Brasil não tinha efetivamente nenhuma razão para ser taxado e tampouco aceitaremos qualquer pecha de que no Brasil nós não respeitamos os direitos humanos e que o julgamento está sendo feito de forma arbitrária. Na verdade, o que nós estamos fazendo é aquilo que é feito apenas em país democrático, julgando alguém com base em provas coletadas em testemunhas e com total direito de presunção de inocência”, completou.
Quando anunciou a nova alíquota, Trump atribuiu a cobrança, além de uma relação que diz ser injusta com o país, à postura do STF (Supremo Tribunal Federal) com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ainda em relação às alegações do republicano ao anunciar o tarifaço, o petista considerou como “inadmissível” dizer que há déficit na relação comercial com o Brasil.
“É inadmissível alguém dizer que tem déficit com o Brasil quando nos últimos 15 anos o superávit deles [Estados Unidos] foi de 410 bilhões de dólares, se colocar bens e serviços”, disse.
“Ninguém está desrespeitando regras de direitos humanos como estão tentando apresentar ao mundo” , acrescentou.
Durante a assinatura do texto no Palácio do Planalto, Lula ainda ressaltou que as novas tarifas não são embasadas em questões comerciais e o Brasil "não merecia isso". O mandatário brasileiro disse que agora, com a MP, passa a bola para a Câmara e o Senado.
"O time do governo está passando a bola para o time da Câmara e o time do Senado. A bola está com vocês", afirmou o político após agradecer a presença dos presidentes Hugo Motta (Republicanos-PB), da Câmara dos Deputados, e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), do Senado.
Plano de contingência
O plano de contingência vinha sendo elaborado desde que o presidente dos EUA compartilhou a aplicação das novas taxas, mas foi reajustado após cerca de 700 produtos terem sido isentos. Como já havia sido antecipado por Lula, o texto libera uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas brasileiras.
Ao assinar o decreto da sobretaxa, Trump apontou que há uma "emergência nacional" em razão das políticas e ações "incomuns" e "extraordinárias" do governo brasileiro que, segundo o republicano, prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos dos EUA, além da política externa e a economia do país, de modo geral.
O presidente dos EUA também citou como justificativa para o tarifaço o que considera como "perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula aproveitou a assinatura do texto para reforçar que as pessoas não estão sendo julgadas por denúncias da oposição, mas com base em delações e depoimentos de pessoas que participaram dos supostos crimes: “Se acontecesse no Brasil o que aconteceu no Capitólio, Trump também estaria sendo julgado”.


