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    Fala de Bolsonaro de solidariedade à Rússia foi contraditória, diz especialista

    Para Felipe Loureiro, coordenador do Instituto de Relações Internacionais da USP, diplomacia brasileira estava neutra em relação à tensão global até então

    Ester CassaviaGiovanna Galvanida CNN , em São Paulo

    A “solidariedade” prestada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, feita durante um encontro com o presidente russo Vladimir Putin nesta quarta-feira (16), é contraditória às atuais posições diplomáticas do Brasil envolvendo o atual conflito da Ucrânia, avaliou à CNN o coordenador do Instituto de Relações Internacionais da USP, Felipe Loureiro.

    “Bolsonaro não deu detalhes, mas diante da situação grave da Ucrânia, foi uma manifestação infeliz do presidente brasileiro e em contradição com o que a diplomacia brasileira vem dizendo em fóruns internacionais”, disse Loureiro.

    A fala foi registrada logo no início do encontro entre os dois líderes. Mais tarde, durante uma coletiva de imprensa, Bolsonaro não repetiu a frase e preferiu dizer que o Brasil pregava a paz e respeitava “quem agia assim”.

    O professor ressaltou que houve “trechos positivos” das declarações do presidente brasileiro nesta quarta, como a “defesa da paz, soberania das nações e o respeito que o Brasil tem ao direito internacional”, mas afirmou que a primeira fala pode gerar algum ruído, especialmente com os Estados Unidos.

    “O Brasil aceitou visita, e houve tentativa forte da diplomacia norte-americana para que a cancelasse, uma pressão que acho excessiva”, avaliou.

    “Há saldos negativos potenciais. A declaração sobre solidariedade pode criar uma piora nas relações bilaterais entre Brasil e EUA, relações frias durante a administração de [Joe] Biden”, disse Loureiro.

    O especialista destacou também um movimento de maior aproximação com a Rússia, país com o qual o Brasil não mantém intensa relação comercial, especialmente nas temáticas energéticas e ambientais.

    “Do ponto de vista de cooperação efetiva, temos que esperar os próximos passos”, concluiu Loureiro.

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