Flávio Bolsonaro: julgamento é "farsa" e voto de Moraes é "ficção"
Declaração foi dada assim que o ministro Alexandre de Moraes concluiu o voto no STF que pede a condenação de Jair Bolsonaro e mais sete réus em outro processo que apura trama golpista
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse nesta terça-feira (9) que vai oficiar todos os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para que tomem ciência de “grave denúncia” envolvendo o que chamou de "fraude processual" do ministro Alexandre de Moraes durante sua gestão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Ele chamou de "farsa" o julgamento de Bolsonaro e de outros sete réus no Supremo na ação que apura um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022. Para o senador, o voto de Moraes é uma "ficção".
“[Vamos] solicitar que seja aberta uma investigação e que seja suspenso esse julgamento”, afirmou em entrevista a jornalistas no Senado.
A acusação de Flávio sobre a suposta fraude no devido processo é baseada em relatos e documentos apresentados a senadores por Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes na Corte Eleitoral.
Na semana passada, Tagliaferro apresentou registros de supostas irregularidades cometidas no gabinete do ministro de Moraes. Ele participou de reunião da Comissão de Segurança Pública, presidida por Flávio.
O ex-assessor apresentou registros relacionados ao caso dos empresários bolsonaristas que teriam discutido um golpe de Estado em grupo no WhatsApp. Segundo ele, a determinação de uma operação contra o empresários só teve o embasamento concluído dias depois de ter sido realizada.
A declaração de Flávio foi dada no Senado, logo após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), concluir o voto pela condenação de Jair Bolsonaro e outros sete réus por envolvimento em plano de golpe contra o resultado das eleições.
No voto, o relator votou por condenar Bolsonaro pelos cinco crimes apontados pela PGR (Procuradoria-Geral da República): tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Para Moraes, Bolsonaro foi o líder do que seria o grupo que tramava o golpe. Junto ao ex-presidente, Moraes votou pela condenação de:
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
- Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro; e
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.


