Gleisi critica possíveis mudanças na regra do foro privilegiado
Segundo a ministra, é preciso ter previsibilidade e não “ficar mudando de acordo com a conjuntura”

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse à CNN nesta sexta-feira (22) que as regras que envolvem o foro privilegiado precisam ser previsíveis e não devem mudar de acordo com cada circunstância.
“Essa questão do foro privilegiado dá muita instabilidade, uma hora é de um jeito, outra de outro, a gente tem que ter previsibilidade. Ficar mudando de acordo com a conjuntura não é uma solução”, afirmou.
Apesar da crítica, a ministra explicou que o governo ainda não foi informado sobre a proposta em tramitação no Congresso.
A oposição ao governo articula uma pressão na Câmara dos Deputados pela tramitação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que visa acabar com o foro privilegiado. O objetivo central da medida é impedir que Jair Bolsonaro (PL) seja julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O movimento é liderado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, que argumenta que o STF não seria o foro adequado para que Bolsonaro responda às acusações que pesam contra ele. Flávio já se beneficiou do foro privilegiado no processo das rachadinhas, quando sua defesa se baseou na prerrogativa de ser julgado pelo STF.
Histórico de mudanças
Em 2018, o Senado aprovou por unanimidade uma alteração nas regras do foro privilegiado para deputados federais e senadores, estabelecendo que eles só teriam direito ao foro especial quando julgados por crimes cometidos durante o mandato. No entanto, mudanças posteriores no entendimento jurídico permitiram que Bolsonaro mantivesse seus processos no STF.
O foro privilegiado foi originalmente concebido para garantir que ocupantes de cargos públicos de alta exposição pudessem exercer suas funções com menor vulnerabilidade a perseguições políticas, assegurando um tratamento adequado na justiça, considerando as complexidades do sistema judiciário brasileiro.
A proposta atual faz parte do chamado "pacote da paz" e evidencia como as interpretações sobre o foro privilegiado frequentemente variam conforme as conveniências políticas do momento, sendo objeto de sucessivas alterações ao longo do tempo.