Governo prepara "estratégia de ação humanitária" após megaoperação no Rio

Ministério dos Direitos Humanos vai desenvolver iniciativa para dar suporte a autoridades públicas e população afetada por ação policial; mais de 130 pessoas morreram, segundo defensoria fluminense

Anna Júlia Lopes, da CNN Brasil
Megaoperação Rio de Janeiro
Corpos enfileirados em rua do Rio de Janeiro após operação policial mais letal da história da cidade  • REUTERS/Ricardo Moraes
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O Ministério dos Direitos Humanos anunciou nesta quarta-feira (29) que está preparando uma "estratégia de ação humanitária" para apoiar as autoridades públicas e populações afetadas pela megaoperação realizada no Rio de Janeiro na terça (28).

Segundo a pasta, a ação está sendo feita em conjunto com órgãos federais e estaduais e com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. O ministério disse estar acompanhando "com atenção" os desdobramentos da operação, que deixou mais de 130 mortos, segundo a Defensoria Pública do estado, e resultou em 81 prisões.

Em nota, o ministério comandado por Macaé Evaristo afirmou que uma equipe do Conselho Nacional de Direitos Humanos está em missão no Rio para realizar as primeiras escutas e coletar informações com familiares, organizações e autoridades locais. O conselho pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) providências sobre a megaoperação.

Além disso, o Ministério Público estadual acompanhará as perícias realizadas pelo IML (Instituto Médico-Legal).

Considerada a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, a ação mirava lideranças da Comando Vermelho. No entanto, "Doca", como é conhecido o principal líder da facção, não foi capturado.

Ainda na terça (28), Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) disse estar "horrorizado" com a operação. Em publicação em rede social, o órgão relembrou as autoridades brasileiras de suas "obrigações" perante o direito internacional dos direitos humanos e pediu por investigações "rápidas e eficazes" quanto ao episódio.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, o governo está articulando com os órgãos competentes para avaliar formas de apoiar as condições de trabalho das autoridades locais e contribuir na discussão protocolos de perícia e identificação baseados em boas práticas internacionais.