Itamaraty vê que nova sanção dos EUA contra Mores tem motivação política

Interlocutores do Ministério das Relações Exteriores afirmaram à CNN que, com a aplicação da Lei Magnitsky contra o magistrado, fica claro que o governo norte-americano "nunca quis negociar a sério"

Fernanda Tavares e Leticia Martins, da CNN, São Paulo
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)  • Rosinei Coutinho/STF
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O Itamaraty enxerga que a nova sanção do governo dos Estados Unidos contra Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), anunciada nesta quarta-feira (30), tem "motivação política". A pasta também estuda uma reação oficial para ser enviada aos EUA.

Membros do Ministério das Relações Exteriores afirmaram à CNN que, com a aplicação da Lei Magnitsky contra o magistrado, fica claro que o governo norte-americano "nunca quis negociar a sério".

Interlocutores da pasta ouvidos pela CNN, que estavam empenhados em negociar o tarifaço de 50%, complementaram ainda, em tom de indignação, que as ações dos Estados Unidos estão sendo analisadas, com atenção aos "números e exceções".

A aplicação da medida contra Moraes acontece dois dias antes da tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA entrar em vigor. Segundo as autoridades dos EUA, o magistrado realiza uma "caça às bruxas", pratica censura e viola os direitos humanos.

Em um comunicado justificando a aplicação da Lei Magnitsky, Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, afirmou que Moraes "assumiu a responsabilidade de ser juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas americanas e brasileiras”.

“De Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados — inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação de hoje deixa claro que o Tesouro continuará a responsabilizar aqueles que ameaçam os interesses dos EUA e as liberdades de nossos cidadãos", adicionou.

"Ataque à soberania"

Ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmaram que a sanção contra Moraes será respondida de forma oficial, destacando que a decisão dos EUA representa um "grave e inaceitável ataque à soberania do nosso país”.

O ministro da AGU (Advocacia Geral da União), Jorge Messias, declarou que “todas as medidas adequadas, que são de responsabilidade do Estado brasileiro para salvaguardar sua soberania e instituições, especialmente em relação à autonomia de seu Poder Judiciário, serão adotadas”.

Vinicius Marques de Carvalho, ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), disse que o país não vai se constranger diante das sanções e das "tentativas abusivas de deslegitimar os Poderes constituídos". Ele também defendeu que o Brasil tem instituições consolidadas e comprometidas com a defesa da democracia.