Justiça reavalia, mas mantém afastamento de prefeito de São Bernardo (SP)

Marcelo Lima e mais nove pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público por organização criminosa

Henrique Sales Barros, da CNN, em São Paulo
Marcelo Lima, prefeito de São Bernardo do Campo  • Reprodução/Facebook
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O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu manter o afastamento cautelar de Marcelo Lima da Prefeitura de São Bernardo do Campo, após ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar que o foro reavaliasse a medida.

A decisão do TJ foi proferida nesta quinta-feira (25), um dia após a ordem de reavaliação emitida pelo STJ, que flexibilizou outras medidas cautelares contra Marcelo Lima.

Marcelo Lima foi afastado em agosto, após operação da Polícia Federal (PF) sobre o que seriam crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da administração municipal.

Dias após a operação, o Ministério Público do estado (MP-SP) denunciou Marcelo Lima e mais nove pessoas por organização criminosa; Paulo Iran, apontado como operador do esquema, segue foragido da Justiça.

De acordo com as investigações, o grupo operava fraudando contratos públicos e desviando recursos por meio de empresas com vínculos formais com a prefeitura.

Decisões

Em 16 de setembro, o TJ havia emitido ordem para a retirada da tornozeleira eletrônica imposta a Marcelo Lima, atendendo parcialmente à defesa, que queria a flexibilização de todas as cautelares - inclusive a sobre o afastamento.

Desde a operação em agosto, o prefeito estava, por exemplo, proibido de deixar a comarca de São Bernardo, obrigado a manter recolhimento domiciliar noturno e aos finais de semana e proibido de contatar outros investigados.

Sem obter sucesso no TJ, a defesa recorreu a um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), pedindo a revogação das medidas cautelares, inclusive com pedido para que Marcelo Lima pudesse retornar ao cargo.

Na decisão de quarta (24), o STJ derrubou o recolhimento domiciliar. E, em relação à proibição de se ausentar da comarca, a Corte definiu que Marcelo apenas não pode deixar São Paulo por mais de sete dias sem antes comunicar a Justiça.

Sobre o afastamento, o STJ apontou que a "fundamentação original que embasou o afastamento cautelar do cargo encontra-se substancialmente enfraquecida diante do decurso do tempo e da evolução do processo".

"As medidas investigativas foram devidamente cumpridas, a denúncia já foi oferecida e outras cautelares continuam em vigor, a exemplo da proibição de manter contato com os demais investigados", acrescenta a decisão.

Assim, o STJ emitiu ordem para que o TJ-SP reavaliasse a "efetiva necessidade da cautelar de afastamento" de Marcelo Lima da prefeitura" - e o Tribunal de Justiça acabou entendendo que tal cautelar ainda é pertinente.

Para o TJ, ainda há "indícios" de que Marcelo Lima e outros investigados, caso retornassem a seus postos, "teriam meios para retomarem as atividades, em tese, ilícitas, em desfavor do erário".

"E ainda que se cogitasse que as demais medidas cautelares, como a proibição de contato entre os réus, fossem suficientes para estancar a prática delitiva, é certo que a retomada do acesso, por qualquer deles, às estruturas físicas e informacionais pertencentes à municipalidade, lhes conferiria o poder de acessar outros eventuais envolvidos ainda não identificados pela Polícia Federal, bem como eventuais elementos de prova ainda não apreendidos", diz a decisão.

A CNN busca contato com a defesa de Marcelo Lima para um posicionamento sobre a decisão do TJ-SP. O espaço segue aberto a manifestações.

No âmbito do pedido ao STJ, a defesa afirmou que o oferecimento da denúncia encerra a necessidade de cautelares, tendo em vista que as investigações já foram concluídas.

Desde o afastamento de Marcelo Lima, São Bernardo do Campo vem sendo comandada pela vice-prefeita, Jessica Cormick.