Lula e Bolsonaro adotam estratégias diferentes para disputa ao Senado no Rio
Petista atua nos bastidores por Ceciliano, enquanto presidente se mantém neutro entre Romário e Daniel Silveira
Poucas disputas locais no país opõem tão firmemente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) como a disputa pelo Senado no Rio de Janeiro.
O envolvimento de pesos pesados da política fluminense e a consolidação de uma polarização entre os presidenciáveis que, há menos de dois meses do primeiro turno, permanece intransponível, faz da briga pela vaga no Rio um microcosmo da disputa nacional.
Lula está publicamente na briga para fazer de André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, o próximo senador do estado. Já Bolsonaro prefere, de acordo com apuração da CNN, não se envolver agora.
Seu partido, o PL, lançou Romário à reeleição ao cargo, mas o PTB quer lançar o bolsonarista Daniel Silveira — o que dividiria os votos à direita. Há, no mesmo campo, a deputada federal Clarissa Garotinho (União Brasil).
Aliados do presidente relatam que ele só pretende declarar apoio na última semana antes do primeiro turno, “para quem estiver na frente das pesquisas”.
PT e PSB se unem, quase rompem e disputarão mesma vaga
É bem verdade que houve um ensaio de uma raríssima unidade no campo da esquerda no Rio de Janeiro nestas eleições, mas a renhida disputa entre PT e PSB pela primazia de indicar o nome ao Senado mostrou como a velha dificuldade do campo.
O PT pressionou para que Alessandro Molon retirasse sua candidatura ao Senado e reivindicou o cumprimento de um acordo estabelecido há meses: Freixo disputaria o governo, e Ceciliano o Senado.
Lula entrou na disputa e articulou para que setores do PSB também se voltassem contra Molon. Mais: gravou vídeo deixando claro que era Ceciliano seu candidato.
A disputa foi longa e tensa: petistas acusaram Molon de ter abandonado Lula e ter elogiado as investigações da Operação Lava Jato, tema que causa arrepio aos lulistas. Já os apoiadores do deputado do PSB pegaram as diversas fotos de Ceciliano ao lado do governador bolsonarista Cláudio Castro (PL) e enfatizaram seus atos de pré-campanha ao lado de apoiadores do atual presidente da República.
Nesta semana, quando petistas passaram a discutir abertamente o rompimento com Freixo, até Anitta entrou na disputa — pelo candidato do PSB. Sem alternativa, os petistas recuaram e, de acordo com relatos à CNN, reclamaram de André Ceciliano, que passou a tolerar disputar contra Molon.
A solução veio nesta sexta-feira (5): o PT marchará com Freixo, mas, informalmente (e na bronca com o PSB), estará em outros palanques para o governo do Rio, como o de Rodrigo Neves (PDT).
Romário mira eleitor bolsonarista
À direita, a grande preocupação do PL, do presidente e de Romário, é de fazer o Baixinho driblar a resistência de alguns setores conservadores e correr para o abraço dos bolsonaristas, que o vaiaram recentemente no Maracanãzinho.
Seu parceiro neste ataque é o deputado federal Otoni de Paula (MDB), que afirmou à CNN estar atuando desde a última segunda-feira (1º) para levar Romário ao eleitor evangélico, bolsonarista e conservador.
Para ajudar no processo de convencimento deste grupo, o senador Flávio Bolsonaro atuou para emplacar sua mãe, Rogéria, como suplente. Não deu certo. A explicação oficial para a não formação da chapa foi que Rogéria não topou a empreitada de estar ao lado de Romário, mas integrantes do PL disseram que a oposição de Michele Bolsonaro contribuiu para a decisão. A solução foi chamar Bruno Bonetti, aliado de Valdemar Costa Neto e próximo às outras lideranças do PL no Rio.
O PTB aposta tudo em Daniel Silveira. Preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro de 2021, o deputado federal foi para a legenda de Roberto Jefferson e nela, apurou a CNN, tem respaldo jurídico para uma batalha na Justiça Eleitoral para conseguir registrar sua candidatura.
No mesmo campo, com bastante dinheiro para campanha, está a deputada federal Clarissa Garotinho, do poderoso União Brasil. Filha do ex-governador Anthony Garotinho, ela colou sua imagem ao presidente Jair Bolsonaro e promete ajudá-lo a buscar o eleitorado feminino — que ainda prefere Lula, segundo as pesquisas — e no interior do Rio, onde o sobrenome tem força política.
A avaliação de políticos ouvidos por esta reportagem é de que esta eleição para o Senado não terá o fator surpresa que teve em 2018. Naquele ano a eleição de Flávio Bolsonaro era dada, mas Arolde Oliveira (PSD), falecido em 2020, surpreendeu na reta final e ultrapassou nomes mais conhecidos como Lindbergh Farias (PT) e Cesar Maia (DEM).
Com nomes conhecidos e emulando a polarização entre Lula e Bolsonaro, com brigas internas por votos dos dois lados, a disputa do Senado fluminense promete ser uma das mais agitadas de 2022.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.
Os senadores em fim de mandato
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Acre
Mailza Gomes (PP)
Mandato: 2019 - 2023
Suplente de Gladson Cameli, eleito em 2018 governador do Acre • Divulgação/Senado
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Alagoas
Fernando Collor (PTB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Amapá
Davi Alcolumbre (União*)
Mandato: 2015 - 2023
Foi presidente do Senado entre os anos de 2019 e 2021
*Eleito pelo DEM • Divulgação/Senado
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Amazonas
Omar Aziz (PSD)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Bahia
Otto Alencar (PSD)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Ceará
Tasso Jereissati (PSDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Distrito Federal
José Antônio Machado Reguffe (União*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PDT • Divulgação/Senado
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Espírito Santo
Rose de Freitas (MDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Goiás
Luiz do Carmo (PSC)
Mandato: 2019 - 2023
Suplente de Ronaldo Caiado, eleito governador de Goiás em 2018 • Divulgação/Senado
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Maranhão
Roberto Rocha (PTB*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSB • Divulgação/Senado
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Mato Grosso
Wellington Fagundes (PL)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Mato Grosso do Sul
Simone Tebet (MDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Minas Gerais
Alexandre Silveira (PSD)
Mandato: 2022 - 2023
Suplente de Antônio Anastasia, eleito ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) • Divulgação/Senado
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Pará
Paulo Rocha (PT)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Paraíba
Nilda Gondim (MDB)
Mandato: 2021 - 2023
Suplente de José Maranhão, que morreu em 2021 • Divulgação/Senado
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Paraná
Álvaro Dias (Podemos*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSDB • Divulgação/Senado
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Pernambuco
Fernando Bezerra Coelho (MDB*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSB • Divulgação/Senado
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Piauí
Elmano Férrer (PP*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PTB • Divulgação/Senado
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Rio de Janeiro
Romário (PL*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSB • Divulgação/Senado
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Rio Grande do Norte
Jean Paul Prates (PT)
Mandato: 2019 - 2023
Suplente Suplente de Fátima Bezerra, eleita em 2018 governadora do Rio Grande do Norte • Divulgação/Senado
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Rio Grande do Sul
Lasier Martins (Podemos*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PDT • Divulgação/Senado
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Rondônia
Acir Gurgacz (PDT)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Roraima
Telmário Mota (Pros*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PTB • Divulgação/Senado
- 24 de 27
Santa Catarina
Dário Berger (MDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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São Paulo
José Serra (PSDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Sergipe
Maria do Carmo Alves (União*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleita pelo DEM • Divulgação/Senado
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Tocantins
Kátia Abreu (PP*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleita pelo MDB • Divulgação/Senado
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