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    Mobilização de mil PMs para segurança de Bolsonaro teria custado R$ 485 mil

    Esse efetivo é o equivalente ao de um batalhão de PM de grande porte no estado

    Stéfano Salles, da CNN, no Rio de Janeiro

    A motociata promovida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu apoiadores, neste domingo (23), no Rio de Janeiro, envolveu mil policiais militares. Esse efetivo é o equivalente ao de um batalhão de PM de grande porte no Estado. Somente em custo de salário dos agentes envolvidos, considerando apenas as 6 horas usadas, a estimativa é um custo de R$ 485 mil. 

    O ato começou no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, onde centenas de apoiadores partiram, de moto, com o presidente – e assim como a maioria estava sem máscara -, em direção ao Aterro do Flamengo, na Zona Sul. Foram 33,5 km percorridos pela cidade, cruzando bairros das zonas Oeste e Sul. Para conseguir garantir a “manutenção da ordem”, conforme informou à PM, foram mobilizados 20 batalhões. 

    Doutor em Economia e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Daniel Cerqueira, estima que o ato custou R$ 485 mil aos cofres do governo do Rio de Janeiro apenas calculando os salários dos policiais militares – considerando que a ação envolveu 6 horas, metade das 12 horas diárias da escala de plantão dos agentes. 

     

    “Não me lembro de uma segurança de presidente com mil policiais. Isso é um verdadeiro absurdo. Fora o aparato que foi visto na rua, a operação envolveu ainda horas policiais para planejamento e consumo de combustível das viaturas e dos helicópteros. Podem argumentar que isso também é feito para inaugurações, mas, nesse caso, pelo menos a inauguração é a justificativa para o uso do recurso público. Fora que o Rio de Janeiro ainda está em meio ao Regime de Recuperação Fiscal”, disse Daniel Cerqueira. 

    Bolsonaro faz passeio de moto no RJ
    Bolsonaro faz passeio de moto no RJ (23.mai.2021)
    Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

     

    A PM não informou o custo com o efetivo, assim como a quantidade de viaturas envolvidas e helicópteros mobilizados pelo Estado. A prefeitura também precisou reforçar o número de Guardas Municipais e agentes do Cor (Centro de Operações do Rio) e da Cet-Rio, que atuaram no desvio do trânsito, mas também não informou o efetivo acionado. A Polícia Rodoviária Federal empenhou 60 agentes. A CNN também fez contato com o Comando Militar do Leste para apurar quantos militares do Exército participaram do esquema de segurança e não obteve resposta. No Monumento dos Pracinhas, onde Bolsonaro discursou no final da motociata, foi montado um forte esquema de segurança pelo Exército. O local é uma Organização Militar do Exército.

    Pesquisador do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), o sociólogo Daniel Hirata entende que o ato não deveria ter sido realizado, e que mobilizar tamanha força de segurança foi “obviamente, um ato de desperdício de dinheiro público do Rio de Janeiro.”

    O professor do departamento de Segurança Pública da UFF e doutor em Antropologia, Lenin Pires, ressaltou que o valor desperdiçado com os gastos de salários dos policiais militares envolvidos na ação seria suficiente para comprar 28 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca por parte do governo do estado.

    “E esse desrespeito vem acompanhado de um gasto absolutamente desnecessário, considerando crise sanitária que vivemos”, avaliou.  

    Em nota, o governo do Rio afirma que “o governador Cláudio Castro recepcionou o presidente Jair Bolsonaro neste domingo, no Parque Olímpico, mas não acompanhou o ato”.

    Segundo o governo fluminense, “a mobilização de policiais militares e de viaturas para garantir a segurança da população em eventos, manifestações e atos como o deste domingo é protocolar. Importante destacar ainda que a fiscalização de eventos durante a pandemia da Covid-19 é de competência das vigilâncias sanitárias municipais, que podem solicitar o apoio das Forças de Segurança do Estado”.

    Como foi o esquema de segurança

    Enquanto policiais do Bepe (Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios) reforçavam a segurança nos locais de concentração e dispersão da manifestação, policiais do RECOM (Rondas Especiais e Controle de Multidão) acompanhavam a evolução do ato. Atiradores e elite estavam posicionados no alto de prédios em pontos do percurso por onde passaram o presidente Bolsonaro e os motociclistas e agentes dos batalhões de Botafogo, Copacabana e Leblon reforçaram o policiamento da zona sul até o centro da cidade. 

    PMs das unidades de Polícia Pacificadora da Rocinha e do Vidigal ficaram concentrados nas comunidades até o término do evento, tendo em vista a utilização da Autoestrada Engenheiro Fernando Mac Dowell (antiga Lagoa-Barra) e a Avenida Niemeyer como trajeto do comboio presidencial. Ao mesmo tempo agentes da unidade de Operação Praia e do Batalhão de Vias Expressas (BPVE) reforçavam a segurança nas Linha Amarela, Avenida Brasil, Linha Vermelha e Transolímpica e policiais do BPTur (Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas) ,  no Aeroporto Internacional Tom Jobim – presidente chegou pela base aérea do aeroporto.