Moraes diz que depoimento de Delgatti como testemunha na CCJ foi irregular

Ministro afirmou que não houve autorização do STF para que hacker participasse da sessão

Gabriela Boechat, da CNN, em Brasília
Depoimento de Walter Delgatti Neto, como testemunha, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, em Brasília, 10 de setembro de 2025
Em despacho, Moraes determinou advertência para Secretaria de Administração Penitenciária de SP  • Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou, nesta terça-feira (16), que a participação do hacker Walter Delgatti como testemunha em sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara foi “irregular”, já que não contou com autorização judicial.

Na última quarta-feira (10), Delgatti prestou depoimento como testemunha da deputada federal Carla Zambelli (PL) em processo que avalia a cassação de mandato da parlamentar.

O ministro, porém, não aplicou nenhuma punição ao hacker.

Em despacho, o ministro determinou que a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo/SP (SAP/SP) e o Departamento de Execuções Criminais da 6ª Região Administrativa Judiciária do Estado de São Paulo sejam oficiados e advertidos de que qualquer incidente envolvendo Delgatti deve ser previamente autorizado pelo Supremo.

Segundo o ministro, as duas instituições "não têm atribuição para autorizar a participação do apenado, na condição de testemunha ou investigado, em processo de qualquer natureza, sem prévia deliberação do Juízo competente para fiscalizar a execução penal de Walter Delgatti".

O hacker foi indicado como testemunha pela própria defesa de Zambelli por ter sido condenado junto com a deputada no caso de invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Delgatti recebeu pena de oito anos de prisão. Ambos estão presos e participaram de forma virtual da reunião.

No depoimento, o hacker afirmou ter ficado hospedado em um apartamento de Zambelli por cerca de 20 dias. E confessou, ainda, que teria invadido o sistema do CNJ a pedido de Zambelli, mas disse que se arrependeu.

Segundo ele, a deputada teria lhe garantido que, em caso de eventuais problemas após a invasão, ela assumiria a responsabilidade do ocorrido. A congressista também teria prometido um emprego a ele, mas isso não ocorreu.