Moraes manda PF explicar ida de Filipe Martins aos Estados Unidos
PF diz que ex-assessor de Relações Internacionais viajou com Jair Bolsonaro ao país norte-americano; defesa do réu nega
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou a PF (Polícia Federal) explicar sobre a viagem de Filipe Martins, ex-assessor de Relações Internacionais de Jair Bolsonaro (PL), aos Estados Unidos, que teria sido feita em 30 de dezembro de 2022.
No despacho, publicado nesta quinta-feira (16), o ministro cita que as alegações finais de Martins indicam que o ex-assessor de Bolsonaro não teria ido aos Estados Unidos na data mencionada pela PF.
Na fase de investigação, a PF apresentou um ofício ao ministro informando que havia "fortes indícios" que Martins tivesse viajado ao país norte-americano, junto com então presidente da República. Sua defesa nega a informação.
Na mesma ocasião, a PF informou que foi até a casa de Martins e encontrou apenas seus pais, no interior de São Paulo. As autoridades também alegaram que consultaram um site de segurança dos Estados Unidos e encontraram dados que informavam seu ingresso no país na mesma data.
Filipe Martins foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal e chegou a ter a prisão preventiva decretada pelo ministro do STF.
Neste mês, o U.S. Customs and Border Protection (CBP), órgão de controle de fronteiras dos Estados Unidos, divulgou uma nota na qual diz que o ex-assessor não entrou no país no dia 30 de dezembro de 2022 e que Moraes errou.
Réu do núcleo 2
O ex-assessor é réu no Supremo do núcleo 2 do processo por tentativa de golpe. Em alegações finais, a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu a condenação dele e outros réus do mesmo grupo.
No documento, a PGR cita que o ex-assessor de relações internacionais da Presidência, "extrapolou, em muito, o escopo diplomático de sua função".
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Filipe Martins participou do "processo de elaboração do decreto que visava formalizar o golpe de Estado pretendido por Jair Bolsonaro".