“O mundo amanheceu mais tenso”, diz Haddad sobre vitória de Trump nos EUA
Ministro da Fazenda comentou que falas de Trump durante a campanha causam apreensão no mundo inteiro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (6), que “o dia amanheceu mais tenso” com a vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos em função do que foi dito em campanha pelo republicano.
“Na campanha, foram ditas muitas coisas que causam apreensão. Não só no Brasil, no mundo inteiro. Causa uma apreensão nos mercados emergentes, causam apreensão nos países endividados, na Europa… então o dia amanheceu, no mundo, mais tenso”, afirmou o ministro a jornalistas.
Haddad chamou a atenção para o fato de o partido de Trump, o Republicanos, ter saído vitorioso também no parlamento, com grande número de senadores e deputados eleitos. De acordo com o ministro, isso significa que o governo terá “muitos graus de liberdade”, mas afirmou que “a vida tratará de corrigir algumas propostas exacerbadas”.
Haddad disse ainda que é preciso analisar os desdobramentos do governo Trump a partir de 2025, quando o republicano toma posse. Isso porque, segundo Haddad, “o que foi dito” nem sempre é “o que será feito”.
“As coisas, às vezes, não se traduzem da maneira como foram anunciadas, e o discurso pós-vitória já é um discurso mais moderado do que o da campanha. Então nós temos que aguardar um pouquinho e cuidar da nossa casa, cuidar da economia, para ser o menos afetado possível, qualquer que seja o cenário externo”, disse o ministro.
Impacto político
Questionado sobre qual seria o possível impacto da vitória de Trump nas eleições presidenciais brasileiras de 2026, Haddad disse que reconhece o avanço da direita no mundo e no Brasil, mas não acredita que haja um “automatismo” entre os dois pleitos.
“Não tem um casamento de eleições entre o Brasil e os Estados Unidos, não se dá assim. Não tem um ‘automatismo’. Existe um fenômeno crescente da extrema direita no mundo. Mas isso não é de agora, né? Isso vem desde 2016. O importante é a democracia continuar resistindo”, afirmou.
Posicionamento brasileiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou a candidata opositora de Donald Trump, a democrata Kamala Harris. Na última sexta-feira (1º), em entrevista ao canal francês TF1, Lula sugeriu que uma vitória do candidato republicano Trump significaria uma volta do fascismo e do nazismo.
Na manhã desta quarta, após o anúncio dos resultados, Lula reconheceu a vitória do republicano em publicação no X (ex-Twitter), na qual parabenizou Trump e desejou sorte e sucesso ao novo governo.
“A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade”, escreveu.
Vitória de Trump
Donald Trump está eleito presidente dos Estados Unidos, segundo projeção da CNN. Ele voltará à Casa Branca após quatro anos para um segundo mandato. Trump derrotou a atual vice-presidente Kamala Harris, candidata do Partido Democrata e apoiada pelo presidente Joe Biden – que havia vencido Trump em 2020.
O republicano conseguiu o número mínimo necessário de delegados – figura do sistema eleitoral dos Estados Unidos – para ser eleito no Colégio Eleitoral.