PF: aparato militar foi usado para planejar morte de Lula

Moraes divulgou decisão sobre prisão de militares que planejaram golpe de Estado em 2022

Luísa Martins, Teo Cury, Elijonas Maia, Patrícia Nadir e Manoela Carlucci, da CNN, Brasília e São Paulo
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A Polícia Federal (PF) realizou, nesta terça-feira (19), uma operação contra uma organização criminosa que teria sido responsável por planejar os assassinatos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

De acordo com a PF, o grupo seria formado, na maioria, por militares das Forças Especiais (FE), conhecidos como "kids pretos", e visava um golpe de estado para impedir a posse do governo eleito em 2022.

A decisão, que embasou a operação de hoje, e que tem como relator o próprio ministro Alexandre de Moraes, afirma que a investigação encontrou "indícios de que o aparato público-militar foi utilizado na empreitada criminosa".

"Pelo menos um veículo oficial do Batalhão de Ações de Comandos, razão pela qual revela-se essencial apurar o motivo e as circunstâncias que motivaram o deslocamento do referido veículo no dia do evento “copa 2022”, e possivelmente em outros dias relacionados aos fatos investigados", relata o documento. 

Segundo a investigação, o deslocamento do veículo teria ocorrido no dia 15 de dezembro de 2022.

"Câmeras de registro de passagem de veículos obtiveram as imagens do veículo JGC0271, pertencente ao Batalhão de Ações e Comando do Exército – BAC, podendo ser visualizada a presença de ao menos duas pessoas", diz outro trecho.

A autoridade policial ressaltou que registros oficiais adicionais, como ordens de missão, dados de saída e entrada, conduta, registro de abastecimento e outros, podem auxiliar a tornar mais compreensível algumas lacunas que podem ter sobrado na apuração dos fatos investigados.

Afirma ainda que o monitoramento dos dados do major Rafael Martins de Oliveira, em posse da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (SEAP/RJ) e investigado na operação, também podem ajudar a trazer informações de relevância sobre o deslocamento.

Ele, que tem formação em forças especiais do Exército Brasileiro e é integrante do grupo "kids pretos", foi preso preventivamente na manhã desta terça-feira (19).

A Procuradoria-Geral da República se manifestou concordando com a representação da autoridade policial.

“No mesmo sentido, a expedição de ofícios ao Comando do Exército Brasileiro e à Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP/RJ) constituem medidas de interesse à investigação, capazes de indicar a movimentação dos veículos oficiais no período relevante, além de trazer informações adicionais em relação ao itinerário de Rafael Martins de Oliveira. São medidas, portanto, proporcionais e necessárias, que auxiliarão na elucidação da atuação dos investigados no planejamento e preparação de ato de ruptura institucional”, afirma a PGR no documento.