Pré-candidatos à Presidência falam sobre fake news e desinformação na redes sociais
Assunto gerou uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, instaurada em 2019; TSE criou canal oficial para combatê-las durante a campanha eleitoral deste ano
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o aplicativo de mensagens Telegram formalizaram na terça-feira (17) um acordo para combater a desinformação durante as eleições de 2022. A plataforma terá, entre outros mecanismos, um canal oficial para divulgação de informações verificadas sobre o pleito.
O tema também preocupa o Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ministro Alexandre de Moraes conduz um inquérito sobre fake news. A ação investiga notícias falsas e ameaças relacionadas aos membros da própria Corte.
Segundo nota divulgada pelo órgão em 2020, a investigação busca verificar “esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais, com o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Poder Judiciário e ao Estado de Direito”.
No Congresso, o tema fake news é investigado por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). O trabalho de deputados federais e senadores começou em 2019, mas foi paralisado em março de 2020.
A CNN perguntou aos pré-candidatos à Presidência da República o que eles pensam sobre fake news e desinformação nas redes sociais.
Confira abaixo as respostas:
Lula (PT):
As mentiras, as fake news, são um mal para a democracia e o debate público brasileiro, e as plataformas de redes sociais e as autoridades devem ver formas de melhorar o debate público e as disputas políticas sem fake news.
Jair Bolsonaro (PL):
O presidente não respondeu até o momento da publicação.
Ciro Gomes (PDT):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
André Janones (Avante):
As fake news deixam um rastro de destruição. Todo esforço para conter essa praga e impedir a manipulação dos eleitores é vital para termos eleições limpas. Todo esforço para impedir a proliferação de mentiras nos aplicativos de mensagens é muito válido.
Simone Tebet (MDB):
Embora as fake news sejam nefastas em todos os campos da vida em sociedade, elas representam um ataque frontal à democracia. O objetivo dos disseminadores desse tipo de agressão é, em geral, ferir quem defende a verdade. Algo que caracteriza uma inversão de valores sem limite. E temos de lembrar que liberdade não rima com mentira. Rima, justamente, com verdade. Podemos coibir esse tipo de iniciativa por meio de campanhas e ações educativas permanentes, para mostrar aos brasileiros como agem os que espalham essas distorções. Portanto, o antídoto é a informação. Nesse sentido, é ainda fundamental o trabalho das agências de checagem de notícias. Ele precisa ser incentivado e ampliado. Afinal, quanto mais bem informada estiver a população, menor será o dano provocado por essas deturpações.
Felipe d’Avila (Novo):
Só existe um jeito de se combater a desinformação: com informação de qualidade, com o bom trabalho de jornalistas e agências de checagem de fatos, e com liberdade de expressão e de imprensa. Não é por meio de mais leis que o debate público será enriquecido. Os casos judicializados devem ser resolvidos com celeridade pela Justiça. Mas sou contra qualquer “controle da verdade” por meio do Estado.
Luciano Bivar (União Brasil):
A desinformação nas redes sociais é um atentado à democracia, um desserviço ao país e aos cidadãos. É uma arma muito perigosa, que deve ser combatida sempre e com especial vigor em ano eleitoral, quando a democracia chega ao seu ápice.
Vera Lúcia (PSTU):
Somos contra o uso das fake news, isso é um crime e seus agentes e financiadores deveriam ser presos.
Bolsonaro se elegeu com a ajuda de uma enorme rede de fake news que disseminou inúmeras mentiras e desinformações entre a população. Longe de ser espontânea, isso teve método, estrutura e muita grana paga por empresários amigos dele. Ele importou para cá, numa outra proporção, um modus operandi já largamente utilizado pela ultradireita em várias partes do mundo.
Uma vez no governo, utiliza-se da própria estrutura do Estado para operar seu “gabinete do ódio”. Durante a pandemia, colocou essa máquina para disseminar notícias falsas para apoiar o negacionismo e se contrapor às poucas e ineficientes políticas de distanciamento social praticadas nos estados e municípios. Também se utiliza desse aparato para defender a ditadura e atacar os direitos das LGBT’s, mulheres, negros, indígenas etc.
As fake news precisam ser combatidas, seu uso criminalizado, e seus agentes e financiadores devem ser presos.
Mas ressaltamos que somos contra que se use a justificativa das fake news para atacar ou limitar a liberdade de expressão.
Pablo Marçal (Pros):
Fake news é uma prática real utilizada na velha política para trazer desânimo para as pessoas.
Conheço o deputado relator sobre as fake news no parlamento e espero que seja concluído antes de julho, pois isso pode ajudar a mudar o rumo da eleição. É muito bom ter o canal aberto, pois isso pode realmente levar a nossa política para o próximo nível.
Quando entramos para o meio político, a primeira coisa que acontece é criarem notícias falsas, dossiês, e colocarem pressão com mentiras em relação às pessoas.
Eu sou a favor de que sempre prevaleça a verdade! E, se a verdade doer, a dor é a fraqueza indo embora.
Parabenizo o TSE! O processo eleitoral ganha muito com isso e o que vai sobrar são as propostas: “o que a pessoa é, e para onde ela consegue levar o Brasil.”
José Maria Eymael (DC):
Sobre as fake news, é fato que elas estão aí e devem ser combatidas doa a quem doer, pois elas são as responsáveis por muitos prejuízos ao país e à população, além de serem a causa de muitas vidas perdidas.
Sofia Manzano (PCB):
O Partido Comunista Brasileiro dedica diariamente todos os seus melhores esforços à elevação da consciência de classe dos trabalhadores e trabalhadoras. Combatemos todo tipo de desinformação, engano e obscurantismo ― que encontra ampla disseminação não apenas nas redes sociais, mas também nos grandes meios de comunicação possuídos pelos capitalistas.
Por isso, acreditamos que o único remédio efetivo contra a desinformação e a mentira e a manipulação ideológica é o controle social direto dos meios de comunicação pelo poder popular. Só assim será possível acabar com a influência das fake news, pondo fim à indução enganosa e à manipulação de fatos, o que gera, entre outras coisas, desalento e desespero às massas. Em oposição a isso, o sistema de comunicação social deveria proporcionar informações que alimentassem a perspectiva de esperança fundada na razão e no avanço da ciência, de modo que a opinião pública reflita a realidade a partir de suas contradições reais e efetivas, e não os interesses ideológicos de uma minoria que detém o poder político e econômico.
Leonardo Pericles (UP):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.