
Pré-candidatos a presidente falam sobre políticas públicas para a população LGBTQIA+
Dados do IBGE apontam que 2,9 milhões de pessoas acima de 18 anos se declaram lésbicas, gays ou bissexuais no Brasil
O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é celebrado nesta terça-feira (28). Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, feita neste ano pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontam que 2,9 milhões de pessoas a partir de 18 anos se declaram lésbicas, gays ou bissexuais no Brasil. O IBGE alerta, contudo, que esse número pode estar subnotificado.
Há três anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu equiparar os crimes que têm como motivação a LGBTfobia aos crimes raciais, aplicando as mesmas penas. Apesar do avanço, o país ainda é um dos que mais mata pessoas desse grupo.
Segundo uma pesquisa do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Intersexuais e outros), que reúne organizações da sociedade civil, pelo menos 316 pessoas LGBTI+ foram mortas violentamente no Brasil em 2021.
A CNN perguntou aos pré-candidatos à Presidência da República o que eles pensam sobre as políticas públicas para a população LGBTQIA+.
Confira abaixo as respostas:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT):
O programa de governo da chapa Lula-Alckmin está em processo de construção coletiva na plataforma “Juntos pelo Brasil”. As diretrizes que balizam o programa de governo dão uma clara sinalização no caminho do respeito integral a todos os brasileiros, inclusive grupos que hoje estão sendo sistematicamente desrespeitados pelo atual governo.
Propomos políticas que garantam os direitos e o respeito à cidadania LGBTQIA+ em suas diferentes formas de manifestação e expressão. Políticas que garantam o direito à saúde integral desta população, a inclusão e permanência na educação e no mercado de trabalho.
Também que as políticas de segurança pública contemplem ações de atenção às vítimas e priorização à prevenção, à investigação e ao processamento de crimes e violências contra mulheres, juventude negra e população LGBTQIA+.
Jair Bolsonaro (PL):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Ciro Gomes (PDT):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
André Janones (Avante):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Pablo Marçal (Pros):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Simone Tebet (MDB):
A pré-candidata não respondeu até o momento da publicação.
Vera Lúcia (PSTU):
Na atual crise econômica que passa o país, o desemprego e a miséria atinge de maneira mais dura as LGBTIs trabalhadoras, cujos direitos mais básicos sempre foram negados pelos sucessivos governos.
Há anos que o Brasil é o país onde mais se assassina LGBTIs. Bolsonaro aprofundou essa dura realidade difundindo seu discurso de ódio e intolerância. Seu governo não destinou um centavo sequer no combate a violência LGBTIfóbica. Não é a toa que em 2021 as mortes violentas de LGBTIs cresceram 33%. No Brasil, uma trans tem uma expectativa de vida de 35 anos, porque vivem em grande parte marginalizadas do acesso à saúde e educação, sem moradia, sem emprego digno e morrendo, seja devido a violência LGBTIfóbica ou vitimadas pelas doenças mentais.
Mas essa situação não é de hoje, nos governos do PT várias reivindicações foram barradas como o PL-122 que criminalizava a LGBTfobia e o projeto de educação sexual nas escolas. Nosso governo irá recuperar esses projetos e buscar melhorá-los em conjunto com o movimento LGBTI.
Nossa candidatura está a serviço de organizar as LGBTIs trabalhadoras e pobres em defesa de suas reivindicações e para destruir esse sistema de exploração e opressão. O retrocesso nas nossas conquistas democráticas, que temos vivido nesses anos de governo Bolsonaro e o aumento da violência, são resultados da decadência do capitalismo, um sistema podre que sustenta uma classe de ricaços, privilegiados, donos das grandes empresas, que lucram explorando o setor mais oprimido da classe.
Para a burguesia o preconceito é funcional para rebaixar salários, criar relações precárias de trabalho, jogar no subemprego o setor mais oprimido da classe trabalhadora. Para eles, a vida das LGBTIs não vale mais que seus lucros.
Essa lógica perversa deve ser invertida. Temos que garantir o direito a viver, comer, morar e emprego às LGBTIs. Assim, defendemos:
- Recuperar projetos foram barradas como o PL-122 que criminalizava a LGBTfobia e o projeto de educação sexual nas escolas e melhorá-los, em um amplo e democrático debate com o conjunto do movimento LGBTI;
- Criar delegacias especializadas para as denúncias de LGBTfobia e a construção de casas abrigos para as LGBTIs expulsas de casa ou em situação de violência;
- Cotas para pessoas trans nas universidades e concursos públicos;
- Atendimento de saúde especializado, distribuição gratuita de remédios para tratamento de HIV, terapia hormonal e cirurgia de resignação sexual pelo SUS;
- Programas de empregos e moradia popular voltados às LGBTIs;
Felipe d’Avila (Novo):
Nós, liberais, defendemos que as pessoas devem ser livres para viver da maneira que escolherem. A população LGBTQIA+ deve ter seus direitos garantidas, e receber da lei o mesmo tratamento digno que o Estado brasileiro deve a todos os cidadãos, sem qualquer discriminação.
José Maria Eymael (DC):
A minha posição é a posição da Democracia Cristã em relação a LGBTQIA+, é exatamente a mesma da Constituição Federal: é livre a orientação sexual e ela deve ser respeitada.
Leonardo Péricles (UP):
A nossa pré candidatura acredita que a luta dos LGBTs precisa ser uma luta de toda a sociedade, pois as pessoas têm o direito de ser livremente o que são. Os problemas enfrentados hoje são muitos, mas gostaria de destacar alguns: O Brasil é um dos países mais violentos e ameaçadores para a população LGBTs, além da violência física em si, essas pessoas sofrem com abusos psicológicos dentro e fora de casa, e se quer existem mecanismos institucionais ou vinculados aos organismos de segurança pública que quantifiquem a violência para ao menos possibilitar uma análise estatística sobre a violência contra a população LGBTIA+. Segundo a ONG Grupo Gay da Bahia (GGB) (uma das poucas organizações que se dedica a registrar os casos de homicídio contra LGBTs) em 2018, lamentavelmente, o Brasil bateu novamente os recordes de violência contra essa população: 1 homicídio a cada 19 horas. Para piorar, Bolsonaro retirou a população LGBT+ das diretrizes de direitos humanos e fica espalhado essa posição atrasada de cura gay.
Para as pessoas trans e travestis, que já sofrem tendo a expectativa de vida de até 35 anos no país, a taxa de desemprego é alarmante e a falta de acesso à educação e à profissionalização, condicionam à prostituição como única forma de sobrevivência.
- Algumas de nossas propostas
• Criação de mecanismos institucionais ou vinculados aos organismos de segurança pública que quantifiquem a violência para ao menos possibilitar uma análise estatística sobre a violência contra a população LGBTIA+;
• A criminalização da LGBTIA+fobia;
• Criação de casas de referência e abrigo para a população LGBTIA+, com atendimento psicológico e orientações sobre seus direitos;
• A inserção da população LGBTIA+ no mercado de trabalho e nas universidades, com programas de inserção no mercado de trabalho e cotas para pessoas trans e travestis para o ingresso no Ensino Superior;
• Reinserir a população LGBT das diretrizes de direitos humanos;
• Fomentar políticas de educação e prevenção da LGBTfobia.
• Aplicação integral do Programa Nacional de Saúde da População LGBTT no SUS na formação de profissionais de saúde aptos a atender as demandas específicas dessa população;
• Criar condições que garantam o direito previsto em lei do registro de adoção por famílias homoparentais, ainda muito discriminadas e privadas deste direito.
Luciano Bivar (União Brasil):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Sofia Manzano (PCB):
A pré-candidata não respondeu até o momento da publicação.
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.
Fotos – Os pré-candidatos à Presidência
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Jair Bolsonaro, presidente do Brasil e candidato à reeleição pelo PL
Crédito: CLÁUDIO REIS/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 2 de 12
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, governou o país entre 2003 e 2010 e é o candidato do PT
Crédito: Ricardo Stuckert/Divulgação - 3 de 12
O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) - 20/07/2022
Crédito: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 4 de 12
Simone Tebet cumpre o primeiro mandato como senadora por Mato Grosso do Sul e é a candidata do MDB à Presidência
Crédito: Divulgação/Flickr Simone Tebet - 5 de 12
Felipe d'Avila, candidato do partido Novo, entra pela primeira vez na corrida pela Presidência
Crédito: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 6 de 12
José Maria Eymael (DC) já concorreu nas eleições presidenciais em 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018, sempre pelo mesmo partido
Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Bras - 7 de 12
Vera Lúcia volta a ser candidata à Presidência da República pelo PSTU. Ela já concorreu em 2018
Crédito: Romerito Pontes/Divulgação - 8 de 12
Leonardo Péricles, do Unidade Popular (UP), se candidata pela primeira vez a presidente
Crédito: Manuelle Coelho/Divulgação/14.nov.2021 - 9 de 12
Sofia Manzano (PCB) é pré-candidata à Presidência da República nas eleições de 2022
Crédito: Pedro Afonso de Paula/Divulgação - 10 de 12
Pablo Marçal, candidato à Presidência pelo Pros. Ele é empresário e se filiou ao partido no fim de março de 2022
Crédito: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 11 de 12
O PTB escolheu o ex-deputado federal Roberto Jefferson como candidato. Condenado em 2012 pelo caso do mensalão, Jefferson está em prisão domiciliar desde janeiro de 2022 por suspeita de ligação com uma milícia digital que atenta contra a democracia, segundo o Supremo Tribunal Federal
Crédito: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO - 12 de 12
Senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), candidata à Presidência da República - 02/08/2022
Crédito: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO