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    Eleições 2022

    Presidentes de partidos recebem mais recursos para campanha do que média de outros candidatos

    Financiamento partidário para dirigentes chega a ser 19 vezes maior do que a média distribuída pela sigla ao mesmo cargo

    Giovanna BronzeLeonardo RodriguesVital Netoda CNN , em São Paulo

    Dos 32 partidos políticos brasileiros, 16 têm seus presidentes nacionais disputando as eleições. Doze deles recebem mais recursos do Fundo Eleitoral para financiar suas campanhas do que a média dos candidatos da legenda ao mesmo cargo em seus estados.

    Em um dos casos, o valor é 1.855% maior do que a média. O levantamento da CNN tem como base os dados da Divulgação de Candidaturas e Contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) coletados até terça-feira (27).

    Repasses aos presidentes 

    Entre os dirigentes candidatos, dez buscam uma vaga Câmara dos Deputados: os presidentes de PP, PT, União Brasil, Republicanos, MDB, PSC, Podemos, Avante, Rede e Solidariedade.

    A maior quantia recebida do Fundo Especial de Financiamento de Campanha foi de Heloísa Helena (Rede), candidata a deputada federal pelo Rio de Janeiro e presidente do partido. São R$ 1.376.000 em recursos públicos para a promoção de sua candidatura – valor limite estabelecido pela Justiça Eleitoral para o cargo.

    Em média, um filiado à Rede que pleiteia a Câmara Federal no estado recebeu R$ 823.910,72 para a mesma finalidade (o cálculo considera a própria Helena), praticamente três vezes a menos do que ela.

    A maior disparidade também foi registrada no Rio de Janeiro. Pastor Everaldo, líder do PSC, teve R$ 2.700.000 em recursos do “fundão” para fazer campanha, enquanto a média de concorrentes fluminenses ao posto por seu partido fica em R$ 138.050,52, quase 19 vezes a menos.

    Os repasses do fundo para os dez candidatos superam em ao menos 50% a média de suas siglas.

    Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, que teve seu registro de candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral, havia recebido 167% a mais do que a média de candidaturas a deputado federal do partido em seu estado, São Paulo.

    Disparidade atinge outros cargos

    Disputando a Assembleia Legislativa da Bahia, Carlos Massarollo, presidente do PMN, recebeu R$ 300.000 do “fundão” para sua campanha, ao passo em que a média investida por seu partido para a mesma disputa é de R$ 21.538,46 – 1.292,8% menor.

    A única presidente de partido que postula o Senado é Suêd Haidar (PMB), no Rio de Janeiro. O PMB tem outros quatro candidatos à Casa, mas apenas Suêd teve repasses do fundo. Enquanto ela teve mais de R$ 815 mil em recursos do financiamento, os concorrentes em Alagoas, Pará, Tocantins e Rondônia não receberam verba partidária.

    Outros presidentes de partidos que são candidatos

    Candidatos à Presidência que acumulam a liderança de suas siglas são dois: José Maria Eymael (DC) e Leonardo Péricles (UP), que receberam, respectivamente, R$ 1.164.431,00 e R$ 1.275.436,94 do “fundão”.

    Mandatários de PSOL (Juliano Medeiros)  e PCdoB (Luciana Santos), por sua vez, ocupam posições de suplência e vice em suas chapas e, por isso, o TSE não exige apresentação de contas durante o período eleitoral.

    Distribuição do dinheiro

    As campanhas políticas tiveram R$ 4,9 bilhões em fomento público neste ano, valor distribuído entre as 32 legendas. Desde o pleito de 2018, o mecanismo existe para substituir as doações empresariais, proibidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015.

    Maior beneficiário nesta eleição, o União Brasil tem mais de R$ 750 milhões para suas candidaturas; seguido por PT, com pouco mais de R$ 500 milhões; e por MDB, com R$ 363,2 milhões. Veja a lista completa.

    Cada legenda deve reservar 30% do que recebe para candidaturas femininas – mesma proporção do tempo de propaganda eleitoral gratuita destinada às mulheres.

    No mais, a distribuição é determinada pelas próprias siglas, por meio de seus diretórios estaduais. A direção nacional delas, porém, também faz repasses.

    Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Baleia Rossi, dirigente do MDB, que disputam a Câmara dos Deputados por Paraná e São Paulo, por exemplo, tiveram a totalidade de seus recursos do fundo eleitoral (R$ 2,3 milhões e R$ 2,5 milhões, respectivamente) repassada pela direção nacional, comandada por eles.

    A CNN entrou em contato com os 12 partidos citados na matéria e aguarda retorno.

    Em resposta, o MDB informou que os critérios de distribuição do fundo eleitoral “foram discutidos e aprovados, democraticamente, pelos membros da Executiva Nacional do MDB eleita em convenção partidária em outubro de 2019”.

    “De forma transparente, o site do partido divulgou a ata da reunião de 29 de junho de 2022 em que esses critérios foram aprovados. O documento comprova que é errada a conclusão de que o presidente nacional do MDB tenha sido privilegiado, como sugere o questionamento da CNN. O deputado federal Baleia Rossi recebeu o mesmo valor que os demais candidatos nesta condição, conforme os critérios votados e aprovados sob regras amplamente democráticas e transparentes”, diz a nota do partido.

    O PSC informa que os repasses do fundo eleitoral seguem avaliações internas sobre a viabilidade das candidaturas.

    Fotos — Os senadores em fim de mandato

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