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    Quem é Frei Chico, irmão de Lula ligado a sindicato investigado pela PF

    Sindicalista e aposentado, o pernambucano José Ferreira da Silva chegou a ser preso na durante a ditadura militar e denunciado na Operação Lava Jato

    Maria Clara Matosda CNN , São Paulo

    José Ferreira da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é um dos responsáveis por gerir hoje o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), onde tem a função de diretor vice-presidente.

    A associação foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF) nesta semana, em decorrência de um suposto esquema nacional de descontos indevidos em mensalidades de aposentados e pensionistas.

    Conhecido como Frei Chico, o sindicalista de 83 anos é um dos 17 irmãos do presidente da República. Foi por meio dele que Lula começou a ter contato com o movimento sindical a partir de 1964, quando se mudou para o ABC Paulista, trabalhando para a metalúrgica Indústrias Villares.

    Em entrevista à Revista Fórum em 2024, José Ferreira da Silva disse que levar o irmão para esse meio não teria “sido fácil”.

    Natural de Pernambuco e atualmente aposentado, Frei Chico mora em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo. O apelido de “Frei” foi dado pelo ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Maurício Soares, em referência à sua calvície.

    Sindicalismo, ditadura e política

    O sindicalista foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e afirmou ter sido preso pela ditadura em 1975, durante a repressão à legenda, enquanto seu irmão Lula participava de um congresso de trabalhadores da Toyota, no Japão.

    Em 1989, quando Lula concorreu à Presidência pela primeira vez, Frei Chico revelou que não votou no irmão no primeiro turno. Em vez disso, apoiou a chapa de Roberto Freire, então do Cidadania. O voto em Lula só veio no segundo turno, quando o petista foi derrotado por Fernando Collor.

    Atualmente, o líder sindical não é filiado a nenhum partido.

    Operação Lava Jato

    Frei Chico chegou a ser denunciado no âmbito da Operação Lava Jato, que investigou uma esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina envolvendo os setores público e privado.

    A denúncia, apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2019, alegava que o irmão do presidente da República recebeu pagamentos da construtora Odebrecht (atual Novonor) entre 2003 e 2015.

    O sindicalista teria sido procurado pela construtora por sua boa interlocução com o setor, e os pagamentos, divididos em parcelas, teriam somado R$ 1,1 milhão.

    Inicialmente, segundo o Ministério Público Federal (MPF), os serviços foram prestados de forma oficial, mas Frei Chico teria continuado a receber os valores mesmo sem vínculo de trabalho com a empreiteira.

    A ação foi rejeitada pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal Criminal em São Paulo. Segundo o magistrado, não havia “elementos probatórios de que Lula sabia da continuidade dos pagamentos a Frei Chico sem a contrapartida de serviços, muito menos que tais pagamentos se davam em razão de sua nova função”.

    Operação contra fraude no INSS

    O Sindnapi foi alvo da Operação Sem Custo, que investiga descontos indevidos feitos em remunerações de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 

    Apesar de gerir a associação, Frei Chico não é diretamente investigado. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o sindicalista afirmou que está tranquilo em relação à investigação.

    Em nota, o Sindnapi disse que a proteção dos direitos dos aposentados é uma prioridade fundamental para garantir uma sociedade mais justa e solidária.

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