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    Relatório da CPI das Apostas Esportivas propõe quatro projetos de lei; votação pode ser nesta quarta

    Oficialmente, a CPI pode se estender até a próxima terça (26), mas parlamentares da comissão sinalizam que pretendem encerrar os trabalhos ainda nesta semana

    Deputados durante reunião da CPI das apostas esportivas
    Deputados durante reunião da CPI das apostas esportivas Cláudio Reis/Enquadrar/Estadão Conteúdo

    Tainá FarfanBrenda Silvada CNN

    em Brasília

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    O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, que investiga esquemas de manipulação de resultados em partidas de futebol, sugere a criação de quatro projetos de lei e recomenda a atuação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do governo federal no assunto.

    Oficialmente, a CPI pode se estender até a próxima terça (26), mas parlamentares da comissão sinalizam que pretendem encerrar os trabalhos ainda nesta semana.

    Veja também: Câmara aprova projeto que taxa as apostas esportivas

    O relator, Felipe Carreras (PSB-PE), afirmou à CNN que a votação do relatório pode acontecer ainda nesta quarta-feira (20). O documento tem 244 páginas e é dividido em duas partes.

    “Tem que ter uma legislação que coíba e promova práticas educativas e punitivas para banir essas práticas ilícitas que colocam em choque a credibilidade do futebol. As medidas, inclusive, precisam ser aplicadas em outras modalidades do esporte”, disse Carreras à CNN.

     

    Veja as medidas legislativas propostas:

    • Projeto de Lei para determinar que, nos casos de manipulação de resultados, a Justiça Desportiva deverá garantir que as penalidades aplicadas sejam proporcionais e consistentes com o princípio da igualdade;
    • Projeto de Lei para tipificar a conduta do gestor, dirigente ou treinador que deixar de comunicar à autoridade competente a prática de crime contra a incerteza do resultado esportivo de que teve conhecimento no exercício de suas funções ou em decorrência delas;
    • Projeto de Lei para tipificar a conduta de realizar, intermediar ou contribuir para a realização de aposta de quota fixa em instituição à qual não tenha sido concedida outorga pelo órgão competente;
    • Projeto de Lei para vedar a realização de apostas sobre ações ou condutas individuais em partidas esportivas e sobre a repetição de indébito relativa a valores de prêmio a apostador que participar de esquema de manipulação de resultados de partidas esportivas.

    Convenção internacional

    Carreras também propõe que o relatório seja enviado ao Poder Executivo para considerar a adesão do Brasil à Convenção de Macolin, que trata da manipulação de competições esportivas.

    A convenção foi batizada com o nome da cidade suíça que sediou o acordo, em 2014, e é considerada pelo Conselho da Europa o mais promissor mecanismo de combate à manipulação de resultados.

    Nove países entraram oficialmente no acordo: Suíça, França, Itália, Portugal, Grécia, Ucrânia, Noruega, Islândia e Moldávia. Outros 32 já assinaram o compromisso de aderir à convenção.

    Veja também: CPIs do MST e das Apostas chegam na semana final

    Em depoimento à CPI, o diretor de Competições da CBF, Júlio Avellar, afirmou que a instituição encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um ofício solicitando a adesão à convenção antes mesmo da comissão ser instalada.

    Agora, o relator reforça a necessidade de fazer parte do acordo, o único documento do direito internacional neste âmbito.

    “Entende-se que essa medida é de fundamental importância para a formulação de uma estratégia integrada às melhores práticas internacionais, fortalecendo, assim, a estrutura regulatória necessária para a prevenção e repressão de manipulações de competições esportivas”, afirma Carreras.

    Recomendações à CBF

    O relator também propõe que o documento final seja enviado à CBF, para que as recomendações sejam avaliadas pela organização.

    Carreras pede a ampliação e o fortalecimento dos mecanismos institucionais de prevenção e repressão de manipulações de competições esportivas.

    Entre as medidas estão a expansão das campanhas educativas de conscientização e combate à manipulação no âmbito de competições esportiva e de ludopatia, especialmente entre federações, clubes e atletas; o aprimoramento dos canais de denúncia e a criação de uma unidade dedicada à integridade nas competições nacionais; e a ampliação dos mecanismos institucionais de monitoramento de violações à integridade das competições.

    O documento também recomenda o reforço dos instrumentos de cooperação junto a Federação Internacional de Futebol (FIFA). O objetivo é que punições de atletas e outras pessoas condenadas pela Justiça Desportiva brasileira passem a ter efeitos no exterior.

    Conclusões do relator

    No relatório final, Carreiras afirma que a CPI deixou “escancarado” que o esporte brasileiro está exposto à prática criminosa de manipulação de resultados devido ao crescimento do mercado de apostas esportivas.

    “Trata-se, na verdade, de um desafio mundial, uma vez que enfrentado por diversos outros países. Diante desse cenário, cabe a este Parlamento propor medidas que possam, de alguma forma, prevenir esse tipo de prática, garantindo a integridade esportiva”, diz o relator.

    A CPI foi criada após a investigação conduzida pelo Ministério Público de Goiás em que oito jogadores investigados como parte do esquema foram suspensos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A comissão tem como presidente o deputado Júlio Arcoverde (PP-PI).

    Ao todo, foram nove audiências públicas e foram colhidos depoimentos de três pessoas importantes para a investigação: Marcos Vinicius Alves Barreira — conhecido como Romário, Severino do Ramo Clementino da Silva — conhecido como Nino Paraíba; e Bruno Rodrigues — representante da Brax Sports, empresa de marketing esportivo.

    “Deve-se reconhecer o importante trabalho desempenhado por esta Comissão no tocante à disseminação de informações e aos esclarecimentos de questões relevantes à sociedade brasileira e, especialmente, à comunidade do desporto nacional”, conclui Carreras no relatório.

    Os trabalhos do colegiado chegam ao fim sem ouvir o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Ele era esperado na CPI na semana passada, mas deixou de ir por estar viajando com a Seleção Brasileira.

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