Sergio Moro afirma que ganhou US$ 45 mil mensais da Alvarez & Marsal
Ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública trabalhou para a consultoria após deixar o governo de Jair Bolsonaro (PL)
O ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, divulgou, nesta sexta-feira (28), que recebeu US$ 45 mil mensais (US$ 24 mil com os descontos) — R$ 241 mil e R$ 128 mil respectivamente, na atual cotação — da consultoria americana Alvarez & Marsal durante um ano.
Ainda houve um bônus de contratação de US$ 150 mil (R$ 806 mil). Ele alega que devolveu R$ 67 mil, pelo encerramento do contrato antes do tempo, depois de se desvincular em 31 de outubro de 2021.
Após pedir demissão do cargo de ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), em abril de 2020, Moro foi contratado pela empresa que também prestou serviços de recuperação judicial para a Odebrecht e outras companhias afetadas pela Operação Lava Jato.
Moro afirmou que nunca trabalhou para a construtora ou recebeu algum tipo de pagamento, inclusive com cláusula registrada em contrato. Ele declara que “apenas ajudou a prender seus diretores”.
Segundo o ex-juiz, o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa para a qual ele trabalhou e da que prestou consultoria para a Odebrecht são distintos. Uma seria a Alvarez & Marsal Disputas e Investigações e a outra a Alvarez & Marsal Administração Judicial LTDA, respectivamente.
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou também nesta sexta-feira que a Alvarez & Marsal divulgasse quanto Moro recebeu ao deixá-la. O ministro Bruno Dantas decidiu ser necessário o envio de “toda documentação relativa ao rompimento do vínculo de prestação de serviços, incluindo datas das transações e valores envolvidos”.
Dantas acatou pedido feito pelo Ministério Público. O subprocurador-geral do TCU, Lucas Rocha Furtado, argumentou que a corte deve obter as informações para avaliar se houve suposto conflito de interesses ou ainda “favorecimentos, manipulação e troca de favores entre agentes públicos e organizações privadas “.
De acordo com Moro, “os auditores e corpo técnico do TCU fizeram um relatório e apresentaram para o ministro e procurador, que ‘não prospera essa tese fraudulenta de vocês, porque não tem conflito de interesse nenhum, não tem nenhuma prova que o Moro recebeu valor da Odebrecht, é um processo totalmente equivocado'”. O ex-juiz ainda afirma que “o ministro e o procurador ignoraram completamente a parte técnica, e ficam insistindo nessa história que não tem base nenhuma.”
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Após ter conquistado notoriedade como juiz na Operação Lava Jato, Sérgio Moro assumiu o cargo de ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro. Ele deixou o posto depois de desentendimentos com o presidente e acusou-o de tentativa de interferência na Polícia Federal em abril de 2020. Ele trabalhou na consultoria de uma empresa nos EUA, voltou ao Brasil, filiou-se ao Podemos e é pré-candidato a presidente em 2022 • Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
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O ex-coordenador da Lava Jato pediu a exoneração do Ministério Público Federal em 2 de novembro, e reflete sobre a migração para a política. Dellagnol se filiou ao Podemos no início de dezembro (2021) e disputará a eleição para deputado federal no Paraná. Sobre a saída da instituição, ele disse que poderá ‘fazer mais pelo país’ fora do Ministério Público • Fernando Frazão/Agência Brasil
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O ex-presidente Lula teve as condenações feitas pela Lava Jato contra ele anuladas pelo Supremo Tribunal Federal. Ele havia sido indiciado por Atualmente, especula-se sobre uma possível candidatura à presidência nas eleições de 2022, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) • REUTERS
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Rodrigo Janot
O ex-procurador-geral da República, que comandou o Ministério Público durante os três primeiros anos da Lava Jato, se aposentou e não exerce cargos no judiciário. Em 2019, ele publicou um livro sobre a operação chamado “Nada Menos Que Tudo”. Atualmente, estuda a entrada para a política em 2022 pelo Podemos, partido que abrigará Moro, e possivelmente, Dallagnol • DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Alberto Youssef
O doleiro e pivô da deflagração da Lava Jato foi preso em 2014 devido ao envolvimento nos casos da Petrobras e do Banestado. Ele passou ao regime aberto em 2016. No início do ano, foi citado em denúncia de corrupção passiva da subprocuradora-geral Lindôra Araújo contra o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que fez visitas ao escritório de Youssef entre 2010 e 2011 • Geraldo Bubniak/AGB/AE
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O engenheiro e empresário, que foi presidente da Novonor entre 2008 a 2015. Ele foi preso em 2015 e fez uma das delações mais importantes da operação. Após desentendimentos com a família e a empresa que comandou, ele foi demitido e teve seus bens congelados por uma ação judicial da empreiteira. Atualmente cumpre prisão em regime semiaberto, em seu domicílio em São Paulo • GIULIANO GOMES/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Paulo Roberto Costa
O engenheiro e ex-diretor de abastecimento da Petrobras foi o primeiro delator dos esquemas de corrupção da estatal. Preso no início de 2014, ele passou para o regime aberto em 2016 • Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
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Newton Ishii ("Japonês da Federal")
Newton Ishii, que ficou conhecido por aparições nas prisões de figuras da Lava Jato, foi expulso da Polícia Federal, condenado por envolvimento na facilitação de contrabando na fronteira entre Brasil e Paraguai, em Foz do Iguaçu. Ele foi preso em 2016 e passou a cumprir regime semiaberto no mesmo ano. A defesa de Ishii recorreu contra a condenação, mas teve o recurso negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) • Reprodução
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O engenheiro e ex-diretor de serviços da Petrobras foi indiciado em diversos processos, sendo o último ainda da Lava Jato, que investigou o envio de propina com pagamentos a uma editora. Ele foi condenado por lavagem de dinheiro em março deste ano • Foto: Marcelo Camargo - 19.mar.2015/Ag Brasil
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Nestor Cerveró
O ex-diretor internacional da Petrobras e ex-diretor financeiro da BR Distribuidora foi condenado na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em 2019, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou sua inabilitação por 15 anos • Antonio Cruz/Agência Brasil
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João Vaccari Neto
O ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) foi preso e condenado pela Lava Jato em 2015. Após a decisão do TRF-4 reformar a decisão de Sérgio Moro, ele foi absolvido de uma pena de 15 anos de prisão. Em março desse ano, foi condenado pela mesma ação que condenou Renato Duque, a seis anos e seis meses de prisão em regime semi-aberto, acusado de ter intermediado pagamento de R$ 2,4 milhões à Gráfica Atitude por empresas de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto. De acordo com a acusação, o dinheiro teria sido usado nas campanhas do PT em 2010. Sua condenação sobre os contratos da construtora Odebrecht foi anulada pelo ministro Jesuíno Rissato, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). • ANDRE DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
(*Com informações de Renata Agostini, da CNN)