Eleições 2022

"Sistema" impede responsabilizar poderosos, diz Deltan Dallagnol

À CNN, ex-coordenador da Lava Jato afirma que será candidato a deputado federal para mudar regras no Congresso

Ludmila Candal e Felipe Romero, da CNN, São Paulo
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O ex-coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, criticou decisões do Judiciário em relação a condenados pela operação.

"O sistema é todo enviesado pra não permitir que suas engrenagens responsabilizem pessoas poderosas", disse nesta quarta-feira (11) em entrevista à CNN.

O ex-procurador falou sobre a necessidade de mudar regras como justificativa para sua entrada na política.

"Nunca quis ir pra política, minha vocação é o serviço público, mas se a gente quer manter o sonho (do combate à corrupção) vivo, o único modo é mudar as regras a partir da atuação no Congresso Nacional", afirmou o pré-candidato a deputado federal pelo partido Podemos.

Para Deltan, as anulações de condenações decorrentes da Lava Jato são uma "reação da corrupção."

"O que a gente vê agora é o Congresso e o Supremo, especialmente, desmontando e esvaziando os resultados alcançados pela Lava Jato", avalia.

"Muitas decisões dos tribunais superiores tem sim viés político, onde não atuam juízes concursados. O que vemos acontecer hoje no Supremo Tribunal Federal, na maior parte dos casos que estão sendo derrubados, é uma mudança da regra no meio do jogo", disse o ex-procurador.

Na avaliação de Deltan, o STF contribuiu para que o combate à corrupção seja esvaziado.

"O lugar onde você tem que processar a corrupção política sempre foi a Justiça Federal, e agora o Supremo mudou a regra e diz que tem que ser a Justiça Eleitoral, isso acaba com o futuro do combate a corrupção porque a justiça eleitoral não é vocacionada para isso", afirma.

ONU e a decisão contra Moro

Perguntado sobre o julgamento do Comitê de Direitos Humanos da ONU que considerou o ex-juiz Sergio Moro parcial no julgamento do ex-presidente Lula e que o petista teve direitos políticos violados, Deltan defendeu a Lava Jato e atuação de Moro.

"O que a ONU fez foi se basear exclusivamente em relação a decisão do STF, eles ficam remetendo toda hora a essa decisão do Supremo", afirma.

"Dois juízes de modo muito adequado divergiram, buscaram vários aspectos que não tinham sido abordados na decisão mostrando que a atuação foi técnica, imparcial e apartidária", defendeu.