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    Skaf inicia “rebelião” contra Josué Gomes na Fiesp 3 meses após deixar o cargo

    Atualmente, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo é comandada pelo filho de José Alencar, que foi vice-presidente durante os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

    Fernando Scheller e Fernanda Guimarães, do Estadão Conteúdo

    Três meses depois de deixar a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf está se movimentando com um abaixo-assinado contra Josué Gomes, seu sucessor no cargo. Em conjunto com presidentes de sindicatos patronais que estão insatisfeitos com o tratamento recebido de Josué, Skaf está elaborando um documento a ser entregue à Fiesp na próxima sexta-feira (21). O texto classifica a gestão de Josué como “ideológica”.

    Fontes dizem que a questão pode ter um viés político. Paulo Skaf foi apoiador de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto Josué é filho do ex-vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Alencar, que morreu em 2011. Mais recentemente, a ala mais à direita da Fiesp também criticou a decisão da entidade de divulgar um manifesto em favor da democracia, o que foi visto como um aceno favorável a Lula e contra Bolsonaro.

    Segundo apurou o jornal “O Estado de S. Paulo”, parte dos presidentes de sindicatos setoriais estaria insatisfeita com o tratamento recebido pela nova gestão. Alguns desses representantes de classe afirmaram sequer ter conversado com Josué Gomes desde sua eleição. No entanto, apesar desses problemas, há quem se refira à movimentação do ex-presidente como um “golpe na Fiesp”. A movimentação de Skaf foi noticiada inicialmente pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

    Uma fonte da Fiesp, que pediu anonimato, explicou que o que tem gerado insatisfação é a mudança na estrutura de poder na entidade, capitaneada pela gestão de Josué. Com isso, a federação trouxe de volta à Fiesp grandes industriais que tinham se afastado ao longo da gestão de Skaf. “Skaf está aliciando os sindicatos patronais pequenos para derrubar Josué. Ele está perdido, tentou cargos políticos e não conseguiu”, disse a mesma fonte. O ex-presidente da Fiesp foi candidato ao governo de São Paulo em 2018.

    Entidade dividida

    Uma fonte ligada ao assunto diz que Paulo Skaf reuniu mais de 70 assinaturas em seu abaixo-assinado –todos apoiadores de longa data de sua gestão, que se estendeu por 18 anos. A intenção, segundo apurou a reportagem, é pressionar para que Josué renuncie ao cargo. Isso porque o rito para um “impeachment” exigiria a convocação e aprovação em uma assembleia com todos os membros da federação.

    Esse poder de mobilização estaria ligado ao fato de que, ao longo de sua gestão, Skaf se manteve próximo aos pequenos sindicatos patronais, grande parte deles do interior do Estado. Uma fonte não descarta, porém, que Josué “entregue o chapéu” em uma eventual reeleição de Bolsonaro.

    Fontes ligadas à Fiesp afirmaram que “não dá para rasgar o estatuto da Fiesp” e que o abaixo-assinado pode riscar a imagem da instituição. Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o presidente da Abrinq (associação que reúne as indústrias de brinquedos), Synésio Batista, afirmou que, mesmo não estando satisfeito com a gestão de Josué Gomes até o momento, não apoia o movimento por sua retirada do cargo e não assinará o abaixo-assinado de Skaf.

    Na mesma linha, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, que disputou o cargo com Josué, não estaria apoiando Skaf na empreitada e teria dito a interlocutores que Josué deve ser mantido no cargo e que tem feito uma boa gestão.

    À CNN, a Fiesp informou que não irá se manifestar. Paulo Skaf foi procurado, mas ainda não respondeu.

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