Tácio Muzzi é nomeado como superintendente da Polícia Federal no Rio

A direção da Polícia Federal no Rio de Janeiro está no centro das divergências entre Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro

Bianca Camargo e Diego Freire,
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Em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) publicada na noite desta segunda-feira (25), o delegado Tácio Muzzi Carvalho e Carneiro foi oficializado como novo superintendente regional de Polícia Federal no Rio de Janeiro. A indicação de Muzzi já era esperada.

A condução de Muzzi ao cargo foi assinada pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Tercio Issami Tokano, que referendou diversas outras nomeações na mesma edição do Diário Oficial, incluindo mudanças na chefia da PF em outros estados.

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A direção da Polícia Federal no Rio de Janeiro está no centro das divergências entre Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que acusou o presidente de tentar interferir na corporação.

Segundo depoimento de Moro na investigação que apura o caso, o presidente teria dito ao então ministro que ele  "tinha 27 superintendências da Polícia Federal" e que ele, Bolsonaro, "queria apenas uma, a do Rio de Janeiro".

Delegado da PF desde 2003

Tácio Muzzi substitui Carlos Henrique Oliveira – promovido a número dois da PF – na superintendência do Rio de Janeiro. 

Ele já havia ocupado a função de forma interina em 2019 após a crise, em agosto, motivada pelo desejo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de trocar a chefia da superintendência – na época, ocupada por Ricardo Saadi.

Delegado da PF desde 2003, Muzzi coordenou e comandou diversas operações especiais de repressão a corrupção, crimes financeiros, lavagem de dinheiro e crime organizado.

Na instituição, foi chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da Superintendência da PF no RJ e coordenador do grupo de trabalho da Operação Lava Jato no estado.

Por sua atuação na PF do Rio recebeu, em 2017, o Diploma de mérito do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), honraria anual dedicada a personalidades e/ou instituições que tenham se destacado na área de prevenção e combate à lavagem de dinheiro ou ao financiamento do terrorismo.

Neste mesmo ano, ainda na gestão de Michel Temer, foi nomeado para ocupar o cargo de diretor-adjunto do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional.

 

A saída de Moro

Sergio Moro deixou seu cargo como ministro da Justiça após a exoneração de Maurício Valeixo no cargo de diretor-geral da Polícia Federal, publicada no Diário Oficial da União em 24 de abril.

Moro afirmou que não havia razão para demitir Valeixo, indicado por ele próprio ao cargo, e apontou irregularidades na publicação do Diário Oficial, que, segundo ele, afirmava falsamente que Valeixo estava saindo "a pedido" e tinha sua assinatura sem sua anuência.

Bolsonaro nomeou Alexandre Ramagem, diretor da Abin, para ocupar a diretoria-geral da Polícia Federal, mas Ramagem - próximo dos filhos do presidente - foi impedido de tomar posse após decisão do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Ramagem, assim, permaneceu na Abin e Bolsonaro nomeu Rolando Alexandre para o cargo na Polícia Federal. Em uma das primeira medidas no cargo, Rolando trocou o comando da superintendência da corporação no Rio de Janeiro - tirando Carlos Henrique Oliveira e escolhendo Tácio Muzzi.

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