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    WhatsApp, IR e Putin: veja os principais pontos da entrevista exclusiva de Bolsonaro à CNN

    Em visita ao litoral de SP, presidente deu entrevista exclusiva à CNN, em que falou sobre mudanças no WhatsApp, TSE, mudança na tabela do Imposto de Renda e guerra na Ucrânia

    Renan FiuzaVinícius Tadeuda CNN

    Na manhã deste sábado (16), o presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve na cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo, onde andou de moto e conversou com apoiadores. Ainda no litoral paulista, Bolsonaro concedeu uma entrevista exclusiva ao repórter da CNN Renan Fiuza (assista à íntegra no vídeo acima).

    Durante a conversa, o presidente tratou da disputa eleitoral deste ano e comentou sobre outros assuntos importantes do governo, como novas medidas econômicas e relações diplomáticas com outros países, incluindo a Rússia.

    Veja os principais pontos da entrevista exclusiva à CNN:

    Reunião com WhatsApp

    Na entrevista exclusiva que concedeu à CNN, Bolsonaro afirmou que o governo deve marcar uma reunião com um representante do WhatsApp para discutir esse acordo do aplicativo com TSE. O governo deve questionar o motivo da nova funcionalidade que agrega mais usuários somente entrar em vigor no país após as eleições presidenciais.

    “Vou buscar o CEO do WhatsApp essa semana e quero ver que acordo é esse. Se é para o mundo todo, não posso fazer nada, agora, só para o Brasil, e volta a ser para o mundo todo depois das eleições, quer prova mais clara de interferência como essa na liberdade de expressão?”, declarou.

    Para Bolsonaro, “no Brasil, ou o produto está aberto para todo mundo ou tem restrição para todo mundo”, referindo-se ao WhatsApp. “Agora, [por que] apenas para o Brasil o disparo em grupo poderá ser realizado depois das eleições? ‘Ah, depois das eleições não vai ter mais fake news?’”, questionou o presidente.

    “Se ele [WhatsApp] pode fazer um acordo com o TSE, pode fazer comigo também, por que não?”, disse Bolsonaro.

    A CNN procurou o WhatsApp para confirmar a reunião e aguarda resposta.

    Urnas eletrônicas e TSE

    Bolsonaro afirmou à CNN que “todas as medidas adotadas pelo TSE são para prejudicar a mim e beneficiar o lado de lá”, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente disse que irá apresentar ao tribunal sugestões de medidas para serem implementadas nas eleições deste ano.

    O presidente questionou a existência de uma “sala secreta que totaliza os votos em Brasília”, e sugeriu que o mesmo cabo que abasteça o computador da sala secreta também envie informações para um equipamento de uma empresa contratada. “Por que é uma sala secreta? A contagem não tem que ser pública dos votos?”, disse.

    Bolsonaro reforçou que defende o “voto transparente e auditável”, e considerou que as eleições “não interessa a quem ganhe, vai ficar marcada com o manto da desconfiança”. De acordo com o presidente, o TSE se tornou o “TSE Futebol Clube, o que se fala é lei”.

    “Acabamos de ver o primeiro turno na França. Tem uma urna lá de acrílico e o voto é de papel. Por que o Brasil quer empurrar goela abaixo isso aí?”, questionou.

    Bolsonaro ainda criticou o ministro Alexandre de Moraes que, segundo o presidente, “falou que quem desconfiar do processo eleitoral vai ter o registro cassado e preso”. “Alexandre, eu estou desconfiado. Vai me cassar? Vai me prender? Que democracia é essa?”, afirmou.

    De acordo com Bolsonaro, o ministro Luís Roberto Barroso convidou as Forças Armadas para participar do processo eleitoral, e uma reunião sobre o assunto será realizada no final deste mês.

    “Foi marcada uma reunião há poucos dias entre o pessoal técnico do TSE e os técnicos do Exército […] pelo que eu sei, as Forças Armadas não estão apresentando nenhuma proposta de voto impresso. É questão técnica”, disse.

    A CNN procurou o TSE e o STF; as assessorias de imprensa dos tribunais informaram que os ministros não se manifestarão sobre as declarações de Bolsonaro.

    Eleições presidenciais e alianças

    Durante a entrevista, Bolsonaro admitiu que há grande possibilidade do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto concorrer à vice-Presidência da República. No entanto, o presidente não confirmou qual será a composição de sua chapa na disputa presidencial.

    Bolsonaro considerou que ter Braga Netto como vice-presidente “daria uma tranquilidade muito grande”, e elogiou os cargos que o ex-ministro já ocupou. “É uma pessoa que tem vivência – 40 e poucos anos de serviço – foi interventor no Rio de Janeiro, foi chefe da Casa Civil, esteve à frente da defesa em um momento difícil também e é um exemplo para nós do governo federal”, disse.

    Sobre a composição de alianças para o pleito, o presidente disse contar com o apoio do PP, Republicanos, PL, PTB e até mesmo de “partido de esquerda que já quer vir para o nosso lado”. Bolsonaro preferiu não citar o nome do suposto partido de oposição que estaria pensando em integrar a base de apoio governista.

    Questionado sobre as pesquisas de intenção de voto, em que aparece atrás do ex-presidente Lula (PT), Bolsonaro afirmou que não acredita nos resultados divulgados, e disse que “as pesquisas sempre foram manipuladas”.

    Mudança na tabela do Imposto de Renda

    O presidente afirmou que mantém contatos frequentes com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e que ambos estão “perseguindo desde o começo o Imposto de Renda, a tabela que não é registrada”.

    Bolsonaro confirmou a intenção do governo de corrigir a tabela do tributo, e disse que Guedes deve anunciar, para o ano que vem, um percentual “bastante elevado” de desconto no Imposto de Renda (IR).

    O reajuste, segundo o presidente, deve fazer com que o desconto passe “de R$ 2 mil para perto de R$ 3 mil”. Assim como foi feito com o percentual de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), Bolsonaro afirmou que o ministro da Economia acredita “que não precisa buscar uma fonte alternativa para isso”.

    O presidente considerou que a correção da tabelo do tributo e o aumento do desconto do IR deve ser feito de forma linear.

    Encontro com Putin

    Bolsonaro afirmou durante a entrevista à CNN que teve uma conversa de quase “três horas” com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas não precisou a data em que isso ocorreu.

    “Teve conversa estratégica. Quem sabe da conversa é apenas eu, o intérprete e, depois, o Braga Netto, que não podem morrer as informações comigo. Tem coisas que foram tratadas lá que não podem virar de conhecimento público, porque são estratégicas. É para o bem dos nossos povos. Vários assuntos que não vou dar dica. Foram quase três horas de conversa. Teve momento de descontração também. Aí você vê o interesse dele [Putin] com o Brasil”, disse.

    Segundo o mandatário brasileiro, quando encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, em fevereiro deste ano, a principal intenção do governo federal era “garantir o nosso recebimento de fertilizantes”.

    O presidente considerou que, embora a agricultura brasileira mantenha altos níveis de produção e exportação, a falta de fertilizantes prejudica a produtividade. “Aí você ameaça a segurança alimentar, não apenas a nossa, mas de parte do mundo. A cada cinco pratos de comida lá fora, um é produzido aqui no Brasil”, disse Bolsonaro.

    De acordo com o presidente, a preocupação com os fertilizantes já é uma pauta do governo desde antes do início da guerra na Ucrânia, e que o país vem planejando um “grande plano de fertilizantes” que vem sendo trabalhado desde o início de 2021.

    Sobre o posicionamento do Brasil na guerra da Ucrânia, Bolsonaro considerou que o país “optou pelo equilíbrio”. “Nós não podemos trazer um problema lá de fora para o nosso país. Sei do tamanho do Brasil, do seu potencial militar […] nós somos pela paz, se depender de mim, farei qualquer coisa pela paz”, disse o presidente.

    “Você não pode tomar partido, como alguns queiram que eu tomasse. O Brasil todo perderia.”

    Bolsonaro ainda disse que, em sua avaliação, a Otan estaria planejando colocar “seu porte nuclear a poucos minutos de Moscou, assim como na Baía dos Porcos, nos anos 1960”.

    O presidente concluiu: “Peço a Deus que coloque um ponto final nela o mais rápido possível”.

    Debate

    A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por todas as plataformas digitais.

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