Eleições 2022

Zambelli diz ter "ignorado conscientemente" resolução do TSE sobre porte de armas

Assessoria da deputada federal diz que ela possui registro de arma para defesa pessoal e que norma do TSE aplica-se apenas a CACs ou ao ingresso em seções eleitorais

Danilo Moliterno, da CNN, São Paulo
Carla Zambelli comenta confusão ocorrida na capital paulista neste sábado
Carla Zambelli comenta confusão ocorrida na capital paulista neste sábado  • Reprodução / CNN
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A deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP) disse, em entrevista a jornalistas neste sábado (29), ter “ignorado conscientemente” a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe o transporte de armas na véspera da eleição.

Zambelli foi filmada entrando em um bar com um revólver em punho nos Jardins, bairro da zona central da capital paulista.

“A resolução é ilegal, e ordens ilegais não se cumprem. Eu conscientemente estava ignorando a resolução e continuarei ignorando a resolução do senhor Alexandre de Moraes, porque ele não é legislador. Ele é simplesmente presidente do TSE e membro do STF. Ele não pode em nenhum momento fazer uma lei. Isso é ativismo judicial”, disse a deputada.

A CNN procurou Alexandre de Moraes para comentar as declarações da deputada e aguarda retorno.

Uma resolução do TSE, de setembro, proibiu o transporte de armas por colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) no dia das eleições, assim como nas 24 horas que antecedem e nas 24 horas seguintes ao dia votação. Segundo a decisão da Justiça Eleitoral, o eventual descumprimento dessa proibição poderia acarretar em prisão em flagrante por porte ilegal de arma.

A assessoria da deputada divulgou nota em que aborda a proibição. "A deputada federal possui registro de arma de fogo para defesa pessoal. A resolução do TSE que proíbe o porte aplica-se apenas aos CACs, ou para ingresso de armas em seções eleitorais", aponta o texto.

Após o incidente, Carla Zambelli registrou boletim de ocorrência contra os agressores.

As imagens vistas neste sábado mostram a movimentação de algumas pessoas em direção a um bar, localizado em uma esquina. Na sequência, Zambelli aparece na gravação atravessando a rua em direção ao mesmo estabelecimento com uma arma em punho.

Logo após a repercussão, a deputada publicou em suas redes sociais um vídeo em que descreve o ocorrido em primeira pessoa.

Segundo Zambelli, um grupo de homens tentou intimidá-la, e um deles a empurrou no chão. Ela diz ter apontado o revólver na intenção de deter o sujeito até a chegada de policiais militares.

“E aí, quando ele me empurrou, eu caí, eu saí correndo atrás dele, falei que ia chamar a polícia, que ele tinha que ficar aqui para poder esperar a polícia chegar. A polícia já está aqui. Aí ele se evadiu, daí eu saquei a arma e saí correndo atrás dele. Pedindo para ele parar, pedindo para ele parar, ele ficou com medo e parou dentro de um bar”, disse.

Políticos e partidos reagem

Após a confusão envolvendo a deputada, opositores e bolsonaristas de manifestaram sobre o caso.

O PT e o Rede Sustentabilidade afirmaram que representarão, na segunda-feira (31), contra a deputada federal no Conselho de Ética da Câmara Federal em virtude da conduta da parlamentar.

"A que ponto chegamos! Uma deputada saca arma no meio da rua e segue uma pessoa para resolver conflito político? Por que ela estava armada? Quem lhe deu essa permissão?”, escreveu a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nas redes sociais.

O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), usou suas redes sociais para criticar os homens que, segundo Zambelli, a intimidaram.

“Minha solidariedade à deputada pela covarde agressão que sofreu há pouco de um grupo de petistas. É pessoal que é contra o ódio, sabe?”, escreveu.

Outro dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) escreveu em suas redes sociais que “nenhuma mulher merece ser agredida, quanto mais por suas opiniões”. “Todo apoio Carla Zambelli”, completou.

Reeleita, Zambelli foi a segunda deputada mais votada de São Paulo, recebeu 946.244 votos e apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Fotos: O último debate do segundo turno