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    Após alta em hospitalizações de crianças nos EUA, médicos defendem vacinas

    No maior hospital pediátrico do país, hospitalização de crianças quadruplicou

    Holly YanTravis Caldwellda CNN

    Com dezenas de milhares de americanos não vacinados, com risco mais alto de desenvolver quadros graves de Covid-19, médicos e serviços de saúde dos Estados Unidos relatam um crescente número de jovens hospitalizados, alguns dos quais novos demais para receber doses da vacina.

    O maior hospital pediátrico do país, Texas Children’s Hospital, em Houston, reporta uma alta de mais de quatro vezes no número de hospitalização de crianças com Covid-19 ao longo das duas últimas semanas, impulsionada pela expansão das variantes Ômicron e Delta durante os feriados de fim de ano.

    “Já temos números impressionantes aqui decorrentes da onda de Ômicron”, disse na segunda-feira (3) Jim Versalovic, patologista-chefe no Texas Children’s Hospital. “Nós quebramos recordes anteriores que haviam sido estabelecidos durante a onda da Delta, em agosto.”

    Havia mais de 700 crianças com Covid-19 no hospital durante um período de 24 horas, na última semana, segundo Versalovic, e 90% dos casos foram causados pela variante Ômicron, conforme demonstrado por sequenciamento genético.

    “Estamos vendo mais Covid agora do que vimos nas ondas anteriores”, afirma Edith Brancho-Sanchez, pediatra de atenção primária e professora assistente de pediatria no Irving Medical Center, da Universidade Columbia, em Nova York. “É preocupante que a pior parte do inverno ainda não passou, e estamos nos preparando para o que ainda está por vir.”

    Observando que algumas crianças infectadas pelo coronavírus podem procurar serviços de saúde por outras condições, embora testem positivo, Brancho-Sanchez disse a Anderson Cooper, da CNN, na segunda-feira, que é evidente, de acordo com o que ela viu em Nova York, que mais crianças têm Covid-19 agora.

    “Seríamos tolos se continuássemos a minimizar a Covid-19 em crianças neste ponto da pandemia”, declarou.

    Estudos iniciais sugerem que a Ômicron cause mais problemas nas vias aéreas superiores, diferentemente das cepas anteriores, que atingem mais as vias aéreas inferiores. No entanto, problemas nas vias aéreas superiores podem ser mais perigosos para crianças do que para adultos.

    “Não podemos tratar as vias aéreas de crianças como se fossem as dos adultos”, afirma Brancho-Sanchez. “Não é como funciona. E nós, pediatras, sabemos que vírus respiratórios podem levar a crupe [ou laringotraqueobronquite, infecção das vias aéreas que bloqueia a respiração] e bronquiolite, uma inflamação que pode causar problemas para crianças.”

    Versalovic comentou sobre as crianças no hospital que precisam de cuidados. “É claro que a maioria dos casos ou tem a Covid-19 como fator principal ou como fator significante contribuindo para a hospitalização.”

    Dados publicados na semana passada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos mostram que internações em hospitais pediátricos chegaram ao recorde, ultrapassando marcas da onda do feriado de fim de ano de 2020, assim como as ondas da variante delta durante o verão e o outono no hemisfério norte.

    Taxas cumulativas de hospitalização ao longo de novembro são cerca de oito vezes mais altas para adultos não vacinados e aproximadamente 10 vezes mais altas para crianças não vacinadas entre 12 e 17 anos, segundo os dados do CDC.

    Crianças são o grupo etário menos vacinado nos Estados Unidos, com cerca de 53% entre 12 e 17 anos totalmente vacinados — e muito menos para as idades entre 5 e 11 anos, de acordo com o CDC. Quase 60% dos americanos entre 18 e 24 anos estão totalmente vacinados; para o grupo entre 25 e 39 anos, a taxa é de 63%.

    No total, 62% da população dos Estados Unidos está totalmente vacinada, e mais de 33% desse grupo já recebeu a dose de reforço, de acordo com os dados do CDC.

    Elegibilidade para reforço é expandida para mais adolescentes

    Autoridades de saúde e especialistas continuam a dizer aos americanos que a maneira mais eficaz de evitar a hospitalização é a vacina. Não apenas a vacinação já demonstrou eficácia em manter mais pessoas seguras, como também as doses de reforço para aqueles elegíveis podem aumentar a proteção contra a ômicron.

    O acesso ao reforço — disponível para a população acima de 16 anos, nos Estados Unidos — foi ampliado na segunda-feira, após a agência federal FDA (Food and Drug Administration) expandir a autorização de uso emergencial para as doses de reforço da Pfizer/BioNTech para adolescentes entre 12 e 15 anos.

    A agência também reduziu o tempo necessário para receber a dose de reforço de ao menos seis meses após completar o ciclo vacinal (duas doses ou dose única) para ao menos cinco meses, o que vale para todos acima de 12 anos.

    Cerca de cinco milhões de pessoas entre 12 e 15 anos no país completaram o ciclo vacinal há mais de cinco meses e estão, agora, elegíveis para receber a dose de reforço, segundo o CDC.

    Desde outubro, crianças a partir dos 5 anos estão aptas a ser vacinadas nos Estados Unidos. Na segunda-feira, a analista médica da CNN e médica emergencista Leana Wen perguntou aos pais e responsáveis “O que estão esperando?”.

    “Este é o momento mais perigoso para as nossas crianças em toda a pandemia, por causa de quão disseminada está a Covid. Há vírus em todos os lugares. Por favor, vacinem suas crianças”, disse Wen, acrescentando que crianças em idade escolar que foram vacinadas contribuem para proteger irmãos mais novos, reduzindo os riscos de infecção.

    “Essa é a ideia da imunidade de rebanho, proteger aqueles que mais precisam da nossa ajuda”, afirmou.

    Fabricantes de vacinas estão trabalhando para desenvolver doses para crianças abaixo dos 5 anos, mas a previsão mínima de lançamento é para o outono ou inverno.

    “Não estamos em um bom momento”

    A variante ômicron conduziu a uma enorme onda de casos de Covid-19 desde que sua chegada aos Estados Unidos foi anunciada no último mês, somando-se à onda da variante delta que já estava em curso e fazendo com que algumas escolas retornassem às aulas a distância ou retomassem a obrigação do uso de máscara até que as infecções diminuam.

    Evidências indicam que a ômicron tem menor probabilidade de causar quadros graves em comparação à delta, porém, sua transmissibilidade significa que mais pessoas serão infectadas, sobrecarregando sistemas de saúde. Regiões de preocupação estão despontando ao redor do país.

    “Não estamos em um bom momento, vou ser muito sincera”, disse na segunda-feira a governadora de Nova York, Kathy Hochul. “Esta é a onda de inverno que previmos.”

    Em relação à alta taxa de infecções, “a gravidade da doença é bem menor do que vimos anteriormente”, afirmou Hochul, apesar de o número de hospitalizações estar aumentando.

    Mobilizado com o suporte da Guarda Nacional, Ohio está abrindo novos locais de testes de Covid em nove cidades nesta semana, conforme anunciado pelo governador Mike DeWine. O estado, agora, tem mais hospitalizações por coronavírus do que em qualquer outro momento da pandemia, de acordo com a Associação Hospitalar de Ohio.

    O estado de Nevada está “vendo um número alarmante de casos de Covid-19 e hospitalizações reportado após os feriados de fim de ano”, disse o governador Steve Sisolak em comunicado. “Meu time continua a analisar os números e estamos trabalhando com distritos sanitários e outros parceiros para fornecer recursos para combater a onda que estamos enfrentando.”

    Miguel Marquez, Maggie Fox, Katherine Dillinger, Jen Christensen, Deidre McPhillips, Holly Yan, Christina Maxouris, Kristina Sgueglia, Laura Ly and Jenn Selva contribuíram para esta matéria.

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