Cerca de 20% das pessoas expostas à violência têm estresse pós-traumático
Especialista explica diferenças entre estresse agudo e pós-traumático, destacando importância do tratamento multidisciplinar para pessoas afetadas por situações violentas
O impacto psicológico da violência urbana vai muito além do momento do trauma. Cerca de 20% das pessoas expostas diretamente a situações violentas podem desenvolver Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), condição que exige atenção e cuidados específicos.
Daniel Barros, psiquiatra da USP, explica à CNN Brasil que existem dois tipos principais de reações ao trauma: o estresse agudo e o pós-traumático. No caso do estresse agudo, a pessoa experimenta reações imediatas após presenciar um evento traumático, como dificuldade para dormir ou medo de sair de casa, que tendem a diminuir naturalmente com o passar do tempo.
Sinais do Transtorno de Estresse Pós-Traumático
O TEPT se manifesta de forma mais prolongada e pode provocar alterações significativas no comportamento. "A pessoa pode se tornar mais ansiosa, com mais medo, como se o evento traumático estivesse acontecendo novamente", explica Barros. Sintomas incluem taquicardia ao passar pelo local do trauma, sudorese, pesadelos recorrentes e mudanças na rotina devido ao medo.
O tratamento mais eficaz para o TEPT é multidisciplinar, envolvendo terapia, medicação e, em alguns casos, abordagem familiar. Barros ressalta que é fundamental garantir que a pessoa se sinta segura após o evento traumático: "Precisamos atuar para que elas se sintam protegidas depois do ocorrido, aumentando a percepção de que estão amparadas e que o evento não vai se repetir".
Apesar da gravidade do transtorno, é importante destacar que a maioria das pessoas expostas a situações traumáticas não desenvolve TEPT. Os percentuais variam entre 10% e 20%, dependendo do nível de exposição direta ao evento traumático.


