Cientistas descobrem como o corpo humano combate o novo coronavírus
Com a pesquisa, é possível entender por que alguns pacientes conseguem se recuperar enquanto outros desenvolvem problemas respiratórios mais sérios
Cientistas australianos conseguiram mapear as respostas do sistema imunológico humano ao novo coronavírus, responsável pela morte de cerca de 8 mil pessoas em mais de 160 países. Segundo os pesquisadores, foi possível entender por que alguns pacientes conseguem se recuperar enquanto outros desenvolvem problemas respiratórios mais sérios. Essas informações são fundamentais para desenvolver uma vacina e um tratamento para a doença.
Pesquisadores do Instituto Peter Doherty para Infecção e Imunidade, em Melbourne, testaram amostras de sangue de uma mulher com cerca de 40 anos em quatro momentos distintos. Ela é uma cidadã australiana que esteve em Wuhan, epicentro do surto da doença na China. A paciente contraiu COVID-19 e manifestava sintomas leves a moderados, o que levou à internação, informou o instituto.
Publicada na revista científica Nature Medicine, a pesquisa detalha como o sistema imunológico da paciente respondeu à doença. O pesquisador Oanh Nguyen, um dos autores do estudo, disse que esta é a primeira vez que foram identificadas respostas do corpo humano ao vírus.
De acordo com o Instituto Doherty, três dias depois que a paciente deu entrada no hospital, “vimos grandes grupos de diversas células imunes, o que normalmente é um indicativo de recuperação durante a gripe sazonal”.
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Ao monitorarem a resposta do corpo da mulher infectada, os cientistas conseguiram prever quando ela se recuperaria. “Nossa previsão era que a paciente se recuperaria em três dias, e foi o que aconteceu”, disse Nguyen.
COVID-19 e a gripe comum
Junto a Katherine Kedzierska, professora da Universidade de Melbourne, chefe de laboratório do Instituto Doherty e uma das líderes mundiais em imunologia contra a gripe, o grupo de pesquisadores conseguiu estudar em detalhes a resposta imunológica do corpo humano ao vírus, o que levou a uma recuperação da doença.
Segundo eles, a descoberta é importante pois pode ajudar a encontrar uma vacina eficaz contra o novo coronavírus. “Mostramos que mesmo a COVID-19 sendo causada por um novo vírus, a resposta imunológica robusta por diferentes tipos de células em uma pessoa saudável foi associada a uma recuperação clínica, parecida com a que vemos na gripe comum”, explicou Kedzierska.
“Este é um grande passo para entender melhor o que leva à recuperação da doença”, ressaltou a pesquisadora. “E também para entender o que faltou àqueles que tiveram resultados fatais.”
Um dos pesquisadores do grupo disse que mais de 80% dos casos de COVID-19 são leves a moderados, e entender a resposta do corpo humano, nesses casos, é muito importante. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a taxa de mortalidade do novo coronavírus é de 3,4%.
O ministro da Saúde da Austrália, Greg Hunt, classificou a descoberta como de “liderança global” e um grande desenvolvimento em pesquisas sobre a doença.
Ao menos uma dúzia de laboratórios farmacêuticos pelo mundo estão trabalhando para tentar fabricar uma vacina contra a COVID-19. Mas os custos de investimento no setor ultrapassam os US$ 800 milhões, em um processo que, mesmo acelerado, deve levar mais de um ano para conseguir ser aprovado, de acordo com executivos de empresas envolvidas na tarefa.
(Com Reuters)