Diminuir calorias pode prolongar a vida, aponta novo estudo

Pesquisa pode fornecer informações valiosas sobre a relação entre dieta e envelhecimento

Nicoly Bastos, da CNN, São Paulo
Recorte de imagem de adolescente segurando um hamburguer com as mãos, com um prato de batatas fritas no colo
Alimentação com restrição de calorias pode prolongar a vida  • ljubaphoto/GettyImages
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Um novo estudo aponta que restringir calorias cada vez mais pode prolongar a vida. Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, realizaram a pesquisa por dois anos e descobriram que a restrição calórica em humanos diminuiu o processo de envelhecimento genético.

Na pesquisa, publicada na revista Aging Cell, descobriram que, inicialmente, a restrição calórica acelerou o encurtamento dos telômeros - elementos protetores do DNA nas extremidades dos cromossomos. O encurtamento dos telômeros acelera a morte celular e causa, consequentemente, o envelhecimento. Foram utilizados primeiro ratos para o estudo.

No entanto, depois de um ano, a restrição de calorias começou a retardar o processo. Ao final de dois anos, o grupo dos animais com restrição calórica causou encurtamento dos telômeros menor do que grupos de alimentação sem restrições.

Resultado similar em humanos

Posteriormente, o estudo foi realizado com 175 participantes humanos. Todos eles tinham entre 21 e 50 anos e eram saudáveis. Dois terços dos participantes comprometeram-se com uma restrição calórica de 25% durante dois anos e o restante continuou com a sua dieta normal.

Os participantes ainda foram instruídos a realizarem exercício moderado durante 30 minutos, pelo menos cinco vezes por semana. Eles forneceram refeições aos participantes do grupo de restrição calórica durante os primeiros 27 dias para ajudá-los na seleção dos alimentos e no tamanho das porções, a fim de garantir a ingestão adequada de nutrientes essenciais durante todo o estudo.

Durante o primeiro ano, os participantes que restringiram a ingestão calórica perderam peso e os telômeros mais rapidamente do que o grupo de alimentação "normal". Durante o segundo ano do estudo, no entanto, os participantes em restrição calórica perderam telômeros mais lentamente do que o outro grupo.

“Há muitas razões pelas quais a restrição calórica pode prolongar a expectativa de vida humana, e o tema ainda está em estudo”, disse Waylon Hastings, autor principal do artigo.

"Um mecanismo primário através do qual a vida é prolongada está relacionado ao metabolismo de uma célula. Quando a energia é consumida dentro de uma célula, os resíduos desse processo causam estresse oxidativo que pode danificar o DNA e de outra forma quebrar a célula. Quando as células de uma pessoa consomem menos energia devido à restrição calórica, entretanto, há menos resíduos e a célula não se decompõe tão rapidamente", pontuou ele.

Idan Shalev, professor que liderou a pesquisa, por sua vez, disse que o estudo de dois anos não foi longo o suficiente para tirar conclusões firmes sobre o efeito da restrição calórica no comprimento dos telômeros.

“Esta pesquisa mostra a complexidade de como a restrição calórica afeta a perda de telômeros”, disse ele em comunicado à imprensa. “Nós levantamos a hipótese de que a perda de telômeros seria mais lenta entre pessoas com restrição calórica. Em vez disso, descobrimos que as pessoas com restrição calórica perderam os telômeros mais rapidamente no início e mais lentamente depois que seu peso se estabilizou."

A equipe acompanhará o grupo selecionado de pessoas por mais 10 anos para ver o que acontece com o comprimento dos telômeros durante esse período mais longo.

A pesquisa ainda enfatiza que seu resultado é importante para entender como a dieta afeta o envelhecimento celular.