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    Entenda por que a dieta mediterrânea reduz o risco de ataque cardíaco súbito

    Enquanto dieta rica em gordura e açúcar aumenta em 46% o risco de mal súbito, a dieta mediterrânea o reduz em 26%, aponta estudo

    Sandee LaMotte, CNN

    Um novo estudo descobriu que manter uma dieta com base em alimentos ricos em gordura e açúcar, como frango frito, biscoitos amanteigados e bebidas açucaradas, pode fazer com que você tenha 46% mais chances de morrer de ataque cardíaco súbito – quando o coração para de repente – comparado a pessoas que não comem esses alimentos com frequência.

    A morte súbita é uma causa comum de morte e “foi responsável por 1 em cada 7,5 óbitos nos Estados Unidos em 2016, ou quase 367.000”, de acordo com uma declaração da American Heart Association (AHA). Quando ocorre esse tipo de ataque cardíaco, segundo a AHA, a morte costuma ocorrer em uma hora.

    O estudo, publicado no Journal of the American Heart Association, também examinou o impacto da dieta de estilo mediterrâneo sobre o risco de morte cardíaca súbita. Os pesquisadores descobriram que as pessoas que mantinham a dieta mediterrânea tradicional tiveram um risco 26% menor de morte cardíaca súbita do que aquelas que raramente baseavam sua alimentação nela.

    No entanto, isso só foi observado em pessoas sem histórico de doença cardíaca coronária no início do estudo. “Melhorar a dieta, incluindo frutas, vegetais, grãos inteiros e peixes e diminuindo alimentos fritos, carnes orgânicas e carnes processadas pode reduzir o risco de morte súbita cardíaca”, disse o autor principal do estudo James Shikany, em um comunicado. Shikany é professor de medicina e diretor associado de pesquisa da Divisão de Medicina Preventiva da Universidade do Alabama em Birmingham.

    Faixa do AVC

    No que os pesquisadores estão chamando de o primeiro estudo observacional para avaliar o papel dos padrões alimentares na morte súbita, a equipe analisou os dados de uma pesquisa nacional chamada Regards (Razões para diferenças geográficas e raciais no AVC).

    Patrocinado pelo National Institutes of Health, o estudo foi projetado para descobrir por que “sulistas e negros americanos têm taxas mais altas de derrame e doenças relacionadas que afetam a saúde do cérebro.” O trabalhho envolveu 30.239 participantes negros e brancos, entre 2003 e 2007, e os acompanhou por 10 anos.

    Shikany e sua equipe examinaram dados de cerca de 21.000 pessoas. Mais da metade era da “faixa de AVC”, uma área de 11 estados do Sudeste dos Estados Unidos onde as taxas de AVC são tradicionalmente altas. Para este estudo, esses estados incluíram Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Tennessee, Alabama, Mississippi, Arkansas e Louisiana.

    Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, as pessoas que vivem na faixa do AVC têm duas a quatro vezes mais chances de morrer de derrame do que em outras regiões do país. Estudos anteriores mostraram que indivíduos adeptos de uma dieta predominantemente sulista (rica em gorduras e açúcares) têm um risco maior de morte por qualquer causa e um risco maior de doença cardíaca.

    O estudo levantou algumas questões interessantes de equidade na saúde e segurança alimentar, disse o Dr. Stephen Juraschek, membro do Comitê de Nutrição da American Heart Association, que não esteve envolvido no estudo.”Os autores descrevem a ‘Dieta do Sul’ com base na geografia dos EUA associada a esse padrão alimentar, mas seria um erro presumir que esta é uma dieta de escolha”, disse Juraschek, em um comunicado.

    “A lacuna na alimentação saudável entre pessoas com recursos e sem recursos continua a crescer nos EUA, e há uma grande necessidade de compreender os complexos fatores sociais que levaram a essas disparidades e contiinuam a perpetuá-las”, acrescentou.

    Cinco padrões de dietas

    O estudo analisou cinco padrões alimentares: pessoas que comiam doces regularmente; aqueles que se alimentavam principalmente de fast food e outros itens de conveniência; um padrão de “salada e álcool”, que misturava cerveja, vinho e álcool com ingredientes para salada; uma dieta baseada em vegetais (como a mediterrânea) e a dieta tradicional do sul.

    “Todos os participantes tinham algum nível de aderência a cada padrão, mas geralmente aderiam mais a alguns padrões e menos a outros”, disse Shikany. “Por exemplo, não seria incomum para um indivíduo que adere fortemente ao padrão do sul também aderir ao padrão baseado em plantas, mas em um grau muito inferior.”

    Além da diminuição do risco de ataque cardíaco súbito devido a uma dieta à base de vegetais, o estudo também descobriu algo incomum: pessoas com histórico de doenças cardíacas que comeram muitos doces tiveram um risco 51% menor de morte cardíaca súbita do que aquelas que comeram poucos doces.

    Qual a explicação para isso? Os pesquisadores não tinham ideia, dizendo que não havia “explicação viável para a associação inversa do padrão alimentar de doces com o risco de morte cardíaca súbita em pessoas com histórico de doença coronariana”.

    Dietas à base de vegetais

    Não é surpreendente que uma dieta baseada em vegetais tenha se mostrado mais saudável para o coração. Três dietas à base de plantas: a dieta mediterrânea, a Ornish e a DASH empataram em primeiro lugar no ranking das melhores dietas saudáveis para o coração de 2021 do U.S. News and World Report.

    A dieta Ornish foi criada em 1977 pelo Dr. Dean Ornish, fundador do Instituto de Pesquisa em Medicina Preventiva, sem fins lucrativos, na Califórnia. Ornish considera a dieta o único programa cientificamente comprovado para reverter doenças cardíacas sem medicamentos ou cirurgia. Especialistas afirmam que a dieta é restritiva e difícil de seguir.

    A dieta DASH é frequentemente recomendada para reduzir a pressão arterial. Estudos demonstraram que seguir a dieta DASH pode reduzir a pressão arterial em questão de semanas. Sua premissa é simples: coma mais vegetais, frutas e laticínios com baixo teor de gordura, enquanto diminui o consumo de alimentos ricos em gordura saturada e limite a ingestão de sal.

    O plano de refeições inclui três porções de grãos inteiros por dia, quatro a seis porções de vegetais, quatro a seis porções de frutas, duas a quatro porções de laticínios e várias porções de carnes magras e nozes / sementes / legumes.

    A dieta mediterrânea apresenta uma culinária simples à base de plantas, com a maior parte de cada refeição focada em frutas e vegetais, grãos inteiros, feijão e sementes, com algumas nozes e uma forte ênfase no azeite de oliva extravirgem.

    Diga adeus ao açúcar refinado e à farinha, exceto em raras ocasiões. Outras gorduras além do azeite, como a manteiga, são raramente consumidas. A carne vermelha é rara, geralmente apenas para dar sabor a um prato. Em vez disso, as refeições podem incluir ovos, laticínios e aves, mas em porções muito menores do que na dieta ocidental tradicional. Os peixes, no entanto, são um alimento básico.

    Numerosos estudos descobriram que a dieta mediterrânea pode reduzir o risco de diabetes, colesterol alto, demência, perda de memória, depressão e câncer de mama. As refeições da ensolarada região do Mediterrâneo também têm sido associadas a ossos mais fortes, um coração mais saudável e uma vida mais longa.

    “Na medida do possível, as pessoas devem avaliar o número de porções de frutas e vegetais que consomem a cada dia e tentar aumentar o número para pelo menos 5-6 porções diárias, conforme recomendado pela American Heart Association”, disse Juraschek na declaração. “O ideal seria 8 a 9 porções por dia.”

    (Texto traduzido. Leia o original, em inglês.)