Fiocruz reduz a previsão de entrega de vacinas de Oxford
A fundação traçou um planejamento para entregar 100 milhões de doses até o fim do ano, 10 milhões a menos do que havia prometido
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) diminuiu a previsão de entrega de vacinas contra a Covid-19 no segundo semestre. A estimativa passou de 110 milhões para 100 milhões de doses.
Também na previsão anterior, a estimativa era que esse total fosse produzido com ingrediente farmacêutico ativo (IFA) nacional, mas agora a fundação informa que 50 milhões de doses serão com produção integralmente nacional e os outros 50 milhões serão produzidos com insumo importado.
“Estão mantidos os 100 milhões de doses do contrato inicial. Nós sempre trabalhamos com diversas estratégias, com diversas alternativas para manter as entregas ao Ministério da Saúde. A gente está trabalhando com um processo muito desconhecido. Nós vamos tendo informações ao longo do tempo. Neste momento, a gente está prevendo entregar com o IFA nacional algo em torno de 50 milhões de doses e outros 50 milhões de doses viriam de IFA importado”, afirmou o diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma.
Sobre a redução da quantidade de imunizante produzida no país, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, disse que a projeção anterior, de 110 milhões de doses com produção integralmente nacional, era uma estimativa feita antes de a vacina ter sido aprovada.
Nísia disse, ainda, que poderá haver uma lacuna na produção de doses entre agosto e setembro.
“A realidade, hoje, é que Bio-Manguinhos tem uma capacidade de produção acima do IFA que nós estamos recebendo. O que temos com segurança? 100 milhões de doses para o segundo semestre. Poderá haver gap? Sim. Mas estamos trabalhando para não ter”, disse.

À imprensa, Maurício Zuma afirmou que a fundação deve conseguir produzir mais de 50 milhões de doses com IFA nacional até o fim deste ano, mas que a entrega pode atrasar devido ao tempo necessário para o controle de qualidade.
“Teremos produzido mais do que 50 milhões de doses até o final do ano, mas a liberação dessas doses leva mais de um mês para cada um dos lotes”, esclareceu o vice-presidente da organização, Marco Krieger.
IFA nacional
Os bancos de células e de vírus para a produção do IFA nacional chegaram ao Brasil na manhã desta quarta-feira (2). O material, que veio dos Estados Unidos, é considerado o “coração” da tecnologia e chegou ao país um dia após a assinatura do contrato de transferência de tecnologia, que aconteceu na tarde de terça-feira (1º), em Brasília.
A produção da vacina 100% nacional já começa esse mês, mas a previsão de entrega das primeiras doses com IFA brasileiro é para outubro. O processo de produção do insumo leva em torno de 45 dias.
Inicialmente serão produzidos dois lotes de pré-validação e três de validação, que passarão por testes de compatibilidade pela AstraZeneca, até alcançar a produção em larga escala. Ao mesmo tempo, serão elaborados documentos necessários à alteração no registro da vacina junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que deve incluir o novo local de fabricação do IFA, uma exigência da agência reguladora.
Até que as doses 100% nacionais sejam liberadas, a Fiocruz segue produzindo vacinas com insumo importado.
“O processo de produção de um produto biológico é sempre sujeito as mudanças nas previsões porque ele não é um processo determinístico. Sempre existe a possibilidade de alterações no cronograma. Mas o que a gente tá trabalhando é que nesse período a gente consiga a vacina nacional ser entregue até outubro e durante este período a gente continua trabalhando na primeira fase, que é com a produção do IFA importado. Nós temos ainda um bom quantitativo a receber e estamos obtendo um outro contrato para obter mais ingredientes e tentar fazer com não haja mais interrupções nessa transmissão”, explicou Zuma.
A estimativa da Fiocruz é de que sejam produzidas, por mês, cerca de 15 milhões de doses da vacina na fábrica de Bio-Manguinhos. No total, já foram entregues 47,6 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), incluindo as 4 milhões de doses prontas da vacina do Instituto Serum, da Índia.