O que você precisa saber sobre a vacina Sinopharm, em aprovação pela Anvisa
Agência Nacional de Vigilância Sanitária recebeu pedido de uso emergencial do imunizante nesta segunda-feira (26)


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu, nesta segunda-feira (26), o pedido de uso emergencial da vacina da farmacêutica chinesa Sinopharm, o primeiro imunizante contra a Covid-19 a ser aplicado na China.
Em maio deste ano a vacina foi aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso emergencial, e desde então o imunizante contra a Covid-19 da empresa chinesa já é aplicado em dezenas de países.
O pedido de uso emergencial no país foi recebido pela Anvisa por solicitação da Blau Farmacêutica, laboratório responsável pela vacina no Brasil. De acordo com a Anvisa, a vacina da Sinopharm é produzida a partir de um vírus inativado. O imunizante é aplicado em duas doses, com um intervalo de três a quatro semanas entre elas. O produto é recomendado para pessoas acima de 18 anos.
O professor da faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antônio Stephano, destaca que a vacina traz similaridades com a também chinesa Coronavac, que já é aplicada no Brasil desde o início de 2021.
“A produção da vacina da Sinopharm é igualzinha à da Coronavac. Evidentemente, cada empresa desenvolve uma tecnologia, que pode ser igual ou melhor. A Sinopharm foi a primeira vacina a ser distribuída na China e a imunizar as pessoas”, explica o professor.
Stephao diz também que, apesr de a OMS não recomendar a aplicação da vaacina da Sinopharm em gestantes, o imunizante pode ser usado também nessas mulheres, porque ela contém as mesmas formulações de vacinas já utilizadas para outras doenças, como a raiva e a polio infantil.
Eficácia da vacina
Em relação à eficácia, dados de um estudo publicado no Journal of the American Medical Association em maio deste ano mostram que, após duas doses do imunizante da Sinopharm, foi registrado mais de 70% de eficácia contra casos sintomáticos da Covid-19.
A mesma publicação destacou que contra casos graves ou assintomáticos ainda não estava evidente o índice de proteção do imunizante.
“A vacina foi 72,8% eficaz contra a Covid-19 em pacientes sintomáticos pelo menos duas semanas após a segunda dose, com base em resultados provisórios”, mostrou o estudo revisado por pares publicado no Journal of the American Medical Association.
Segundo a Anvisa, o desenvolvimento da vacina da Sinopharm não teve estudos clínicos conduzidos no Brasil, entretanto, este dado não impede o pedido de uso emergencial na agência reguladora.
“A pesquisa clínica da vacina foi desenvolvida em países como Argentina, Peru, Emirados Árabes, Egito e China”, informou a Anvisa.
Contribuição para acelerar a vacinação no Brasil
As vacinas desenvolvidas pela Sinopharm já são utilizadas na África, no Sudeste Asiático e na América Latina e, segundo o professor Marco Antônio Stephano, países que não têm sistema regulatório próprio se abrem para as vacinas recomendadas pela OMS.
“A OMS liberou essa vacina para uso mundial, como a Coronavac, e principalmente países que não têm sistemas regulatórios. Devido a essa recomendação, a Anvisa também autorizou o estudo clínico no Brasil, baseada em evidências como boas práticas de fabricação e tecnologia de produção”, explica o professor.
Stephano reitera o quanto é importante e positivo para o Brasil ter mais uma opção de imunizante para acelerar a campanha de imunização no país.
“É super positivo, nós precisamos ter mais vacinas aprovadas e em utilização. A gente não sabe como vai ficar o mercado, hoje não temos nenhuma vacina produzida no Brasil. Como o Princípio Ativo Farmacêutico (IFA) não é produzido, nós dependemos 100% de material importado. Então quanto mais vacinas tivermos, menos bloqueio para um determinado tipo de fabricante teremos. É muito importante hoje que tenhamos essas vacinas, até que tenhamos capacidade de produção”.