
Pessoas com HIV ainda lutam contra o preconceito e o estigma social
Mesmo após diversos avanços na prevenção e no tratamento da Aids, pessoas com HIV continuam convivendo com o preconceito
O Brasil tem 213 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE, e, de acordo com o Ministério da Saúde, quase 1 milhão convive com o HIV. Uma delas é Sandra Asa Branca, aposentada que descobriu que era soropositivo em 2002.
“Eu tinha um namorado, que eu namorei por três anos. E foi ele que me contaminou, e tudo indica que ele sabia estar contaminado.”
Carolina Iara, co-vereadora em São Paulo, é outra pessoa que também se infectou dentro de um relacionamento. Segundo ela, foi difícil lidar com essa questão.
“(…) Demorou um pouco para eu aceitar a condição crônica do HIV, e demorou para parar de me culpar.”
O vírus já circula há 40 anos, e um longo caminho percorrido pela ciência até aqui trouxe avanços que permitem que qualquer pessoa com HIV possa viver tranquilamente.
Com o tratamento em dia, o vírus fica indetectável, ou seja, não será transmitido pela relação sexual, e a pessoa também não desenvolverá a Aids.
Vacina e cura para o HIV
Atualmente remédios e tratamentos têm avançado no tratamento do HIV e garantido mais qualidade de vida a pessoas que convivem com o vírus.
O próximo passo da ciência é a cura definitiva, o que pode acontecer em breve, em dois anos e meio. E a grande responsável por isso pode ser a pesquisa Mosaico, que testa uma vacina contra o HIV.
Ao total, são 3.800 voluntários em todo o mundo, inclusive no Brasil. O Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, é um dos centros do estudo.
“(…) Quando foi testado em animais, teve uma eficácia de 67% em evitar a transmissão do vírus por via sexual. Se a gente comprovar essa eficácia similar em humanos ao término dessa fase, a gente pode, então, vislumbrar a possibilidade de traduzir essa pesquisa numa política pública e, finalmente, encontrar uma vacina que impeça a transmissão do vírus HIV”, disse Bernardo Porto Maia, infectologista.
Outros estudos tentam acabar de vez com a Aids. Uma pesquisa inédita da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) testa um tratamento que utiliza medicamentos e substâncias que matam o vírus no organismo e eliminam as células em que o vírus fica adormecido.
“Provavelmente em março, abril, a gente começa a recrutar 60 pacientes para usar um tipo de tratamento que deu certo na nossa primeira fase do estudo, expandindo dessa forma o número de candidatos em que a gente vai combinar todas as estratégias que eu mencionei anteriormente, que são: a intensificação de tratamento, medicamentos para cortar o vírus, matar a célula, e a terapia celular pra melhorar a imunidade da pessoa… A gente interrompe o tratamento dessas pessoas e observa se o vírus vai voltar ou não”, disse Ricardo Sobhie Diaz, médico infectologista coordenador da pesquisa.
Preconceito e discriminação
Apesar das notícias otimistas, um problema segue presente na vida das pessoas que convivem com o HIV: o preconceito.
“Eu sofri muito xingamento, bastante mensagem de ataque que usava o HIV para dizer que eu não merecia ser eleita, ser vereadora. Que eu era uma pessoa suja, imunda”, falou a co-vereadora.
“Eu conheço pessoas que convivem comigo que não bebem no meu copo. Só que, assim, eu também sou uma pessoa que não espero ver a reação do outro. Eu não ofereço meu copo para ninguém. Eu prefiro não correr o risco de ver o preconceito”, afirmou Sandra.
O HIV não escolhe gênero, orientação sexual, etnia ou idade.
Prevenção gratuita pelo SUS

Métodos que ajudam a evitar o contágio, como preservativos e remédios de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), são distribuídos de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O SUS distribui também um autoteste para que as pessoas possam fazer em casa e saber o resultado. Basta uma coleta simples de saliva com um swab para saber o resultado em alguns minutos.
Estima-se que 135 mil brasileiros convivem com o HIV e ainda não sabem disso, muitos por medo de realizar o teste e descobrir o vírus.
Em caso de dúvidas, faça o teste, e se der positivo, busque imediatamente iniciar o tratamento.
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