Sequestro da amígdala: como seu cérebro pode te fazer sabotar suas dietas

Amígdala cerebral pode desencadear comportamentos impulsivos, que podem chegar ao nível de uma compulsão alimentar

Flávio Ismerim, da CNN
Horários alimentares irregulares desorganizam o metabolismo
Estresse e sobrecarga emocional das dietas restritivas podem intensificar ação da amígdala cerebral  • Nensuria/Getty Images
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A amígdala cerebral pode ser um grande inimigo para quem quer — ou precisa — mudar sua alimentação e adotar uma nova dieta. Essa parte do cérebro é uma estrutura relacionada ao medo e às emoções intensas que, quando assume o controle do comportamento, pode levar a uma autossabotagem.

O fenômeno, chamado de "sequestro da amígdala", foi popularizado pelo livro "Inteligência Emocional", do psicólogo norte-americano Daniel Goleman, e diz respeito a uma reação automática e natural do cérebro. Em situações vistas como ameaçadoras ou estressantes, a amígdala cerebral manda sinais de alerta que passam por cima do pensamento racional, que é responsabilidade do neocórtex. Assim, são desencadeados comportamentos impulsivos que vão desde ataques sutis de raiva a episódios de compulsão alimentar.

“Quando a amígdala sequestra o cérebro, é como se a pessoa perdesse momentaneamente a capacidade de refletir sobre suas escolhas”, explica Alan Martins, especialista em neurociência da Wefit. “Isso contribui para decisões imediatistas, como recorrer a alimentos altamente calóricos que proporcionam alívio emocional rápido.”

A atividade da amígdala cerebral é intensificada justamente pelo estresse crônico e a sobrecarga emocional, segundo a revista Frontiers in Psychology, e está diretamente ligada a padrões alimentares desordenados.

Martins, portanto, defende que compreender esse processo é essencial para desenvolver estratégias eficazes de emagrecimento, sobretudo em dietas restritivas ou no caso de mudanças bruscas de rotina, que são justamente quando o cérebro vai ver a situação como ameaça.

O segredo para o especialista em neurociência é adorar técnicas de regulação emocional, como exercícios de respiração consciente, pausas programadas e atenção plena (mindfullness), que pode ajudar a controlar a mente e diminuir a incidência dos sequestros de amígdalas.

“A chave é treinar o cérebro para tolerar pequenas doses de desconforto sem acionar respostas automáticas. Quando a pessoa aprende a reconhecer sinais de tensão e consegue criar espaço entre o impulso e a ação, o sequestro perde força”, destaca Martins.

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