Tratar todo o país de forma igual seria ingenuidade, diz CEO do Hospital Care

Rogério Melzi fala sobre a capacidade da rede hospitais no Brasil

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Em entrevista à CNN, Rogério Melzi, CEO do Hospital Care, que tem unidades no Sul e Sudeste do país com leitos livres por conta da Covid-19, disse que, enquanto algumas regiões do Brasil têm 'uma certa ociosidade', por outro lado, há pessoas em outros lugares com dificuldades para o atendimento. Segundo ele, "tratar de forma igual o país todo seria ingenuidade" e que a atuação vírus no país varia de acordo com o local.

"Nós todos sabemos que os dados no Brasil têm uma qualidade dúbia, a quantidade de testes varia de local a local. De fato, somos compostos por diversos países em nosso território. A sensação que nós temos é que [a Covid-19] pode estar em um momento de pico em alguns praças, onde a pandemia começou mais cedo e obviamente vem se alastrando para os outros locais. É muito importante que nós tenhamos uma parcela dos nossos pesquisadores procurando entender essas diferenças e eventualmente se haverá uma diferença de intensidade da gravidade em alguns lugares do Brasil até por uma questão de alocação de recursos", afirma.

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"Se nós temos hoje algumas regiões do Brasil que têm uma certa ociosidade e em outras regiões temos pacientes com uma demora do atendimento, talvez uma melhor organização nos permitisse dispor de recursos materias e eventualmente até humanos para essas regiões", diz Rogério Melzi. "Tratar de forma igual o país todo, me parece ingenuidade", completa.

Questionado quanto ao isolamento social, Melzi cobrou de pesquisadores um estudo mais aprofundado sobre as diferenças do nível do novo coronavírus em cada estado, para que medidas sejam tomadas a partir de contextos específicos. "Nas cinco praças que temos unidades, aparentemente não tem tido diferença no isolamento. Em Curitiba, por exemplo, tem mais de duas semanas que o comércio funciona, igualmente em Santa Catarina. E por mais que haja mais casos, não parece ter casos mais graves. Falo dos nossos hospitais, mas nós temos contatos diários com outros hospitais privados e públicos. Nós não percebemos ainda essa variação."

"Por isso eu cobro um pouco dos nossos especialistas procurar entender um pouco essas diferenças, pra entender se nós estamos lidando com contextos dessas populações. Eventualmente em qualquer contexto que os nossos cientistas possam nos explicar e nos permitir uma melhor manipulação dos recursos que nós temos.  Acho que é muito doloroso para todos nós, pois estamos vivendo situações diferentes, em várias regiões", disse. 

O médico opina ainda que o país não entrará em colapso e disse ainda que a rede de saúde brasileira, "mesmo com todos os problemas, possui um bom nível de atendimento".

"Temos unidades de saúde em diversas cidades do país e a realidade neste momento é oposta à realidade de outras cidades do Brasil. Para vocês terem uma ideia, nessas cinco cidades, temos oito hospitais e na data de ontem nós tínhamos apenas 15 pacientes internados em UTI e apenas seis eram pacientes em ventilação mecânica e 4 eram casos confirmados. Na nossa estrutura temos 210 leitos de UTI, então parece uma realidade bem mais serena do que em outros locais", completou Rogério.

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