Você sabe o que é hipermobilidade? Entenda quando é sinal de problema

Os cuidados com articulações hipermóveis envolvem principalmente o fortalecimento muscular e o treinamento do controle dos movimentos

Simone Machado, colaboração para a CNN
Posts com dicas de exercícios ajudam a treinar a mobilidade e a flexibilidade dos nossos corpos
Veja quando hipermobilidade pode ser um problema  • Pexels/Elina Fairytale
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A hipermobilidade articular é uma condição em que as articulações do corpo apresentam uma amplitude de movimento maior do que o habitual. Algumas pessoas conseguem, por exemplo, esticar os dedos para trás além do normal ou encostar a palma da mão no antebraço.

Na maioria das vezes, essa característica é apenas uma variação anatômica sem impacto na saúde, sendo muitas vezes herdada geneticamente e identificada ainda na infância ou adolescência.

No entanto, em alguns casos, a hipermobilidade pode estar associada a dor, desconforto ou até mesmo resultando em lesões repetitivas. Quando isso acontece, ela passa a ser considerada um problema de saúde.

Os principais sinais de hipermobilidade incluem:

  • Entorses, luxações ou lesões frequentes;
  • Dores articulares ou musculares, especialmente após atividades físicas;
  • Fadiga;
  • Sensação de articulações "soltas" ou instáveis;

Tenho hipermobilidade, e agora?

Os cuidados com articulações hipermóveis envolvem principalmente o fortalecimento muscular e o treinamento do controle dos movimentos. O objetivo é proteger as articulações da sobrecarga e prevenir lesões. Fisioterapia focada na estabilização das articulações é o principal recurso.

“O melhor é a estabilização e o fortalecimento. É um treino específico para desenvolver fibras brancas para estabilizar aquele segmento articular que se encontra em hipermobilidade”, diz Laudelino Risso, fisioterapeuta.

Em casos mais severos, o acompanhamento multidisciplinar, com ortopedista, reumatologista e fisioterapeuta, pode ser indicado. Para a maioria das pessoas, porém, com as orientações corretas, é possível conviver com a hipermobilidade sem limitações importantes.

Além disso, para os pacientes que sentem muitas dores ou tem inflamação, podem ser utilizados medicamentos analgésicos ou anti-inflamatórios para controlar os sintomas. Em alguns casos, o uso de órteses ou suportes articulares pode ser recomendado para proteger as articulações durante atividades físicas ou para reduzir a sobrecarga em determinadas regiões, como joelhos e cotovelos.

“O fortalecimento muscular é o pilar do tratamento. Isso porque músculos fortes ao redor das articulações hipermóveis ajudam a proporcionar mais estabilidade, protegendo as articulações e prevenindo o deslocamento ou lesões. A fisioterapia desempenha um papel fundamental, com exercícios específicos que visam aumentar a força muscular e a estabilidade das articulações. Exercícios de resistência, como musculação e pilates são recomendados para promover o fortalecimento sem forçar excessivamente as articulações”, explica Vanessa de Andrade, personal trainer e fisioterapeuta especialista em prevenção e reabilitação de lesões.

A educação postural também é uma parte importante do tratamento. Pessoas com hipermobilidade podem ter dificuldades para manter uma postura adequada devido à flexibilidade excessiva das articulações, o que pode levar a dores e desconfortos musculoesqueléticos. Ajustes na forma de sentar, levantar e realizar atividades diárias podem ser necessários para reduzir o estresse nas articulações.

Doenças relacionadas

A epicondilite, inflamação que acomete os tendões do cotovelo, pode ter relação indireta com a hipermobilidade. Como as articulações mais frouxas tendem a gerar esforço excessivo em tendões e músculos para garantir estabilidade, isso pode, ao longo do tempo, favorecer o surgimento de lesões por sobrecarga, como a epicondilite. No entanto, a presença de hipermobilidade não significa que a pessoa terá obrigatoriamente esse tipo de problema.

“A epicondilite é uma inflamação nos tendões do cotovelo, geralmente associada a movimentos repetitivos ou sobrecarga da região. Quando uma pessoa tem articulações hipermóveis, elas apresentam maior amplitude de movimento, o que pode levar a um controle inadequado da articulação no cotidiano”, acrescenta Andrade.