Cientistas projetam antenas flexíveis com técnica de origami; entenda

Usando uma folha de acetato e tinta condutiva equipe fez dispositivos mais baratos

Giovana Christ, da CNN
Usando uma folha de plástico transparente revestida com uma tinta condutiva os pesquisadores conseguiram moldar uma ferramenta que permite que a frequência seja ajustada apenas apertando ou empurrando as dobras
Usando uma folha de plástico transparente revestida com uma tinta condutiva os pesquisadores conseguiram moldar uma ferramenta que permite que a frequência seja ajustada apenas apertando ou empurrando as dobras  • Universidade Drexel
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Cientistas encontraram uma nova forma de projetar antenas de transmissão de ondas eletromagnéticas -- como as de internet, televisão, celular e rádio -- usando a lógica do kirigami, antiga arte japonesa de cortar e dobrar papel que é uma variação do origami.

Usando uma folha de plástico transparente revestida com uma tinta condutiva os pesquisadores conseguiram moldar uma ferramenta que permite que a frequência seja ajustada apenas apertando ou empurrando as dobras. Essa invenção pode solucionar os problemas de vulnerabilidade e custos de antenas tradicionais.

No kirigami, arte asiática desenvolvida entre os séculos IV e V, são criadas figuras tridimensionais por meio de cortes em papel -- construindo objetos flexíveis e maleáveis.

A pesquisa publicada na revista Nature Communications mostrou que a técnica japonesa traz uma solução rápida e econômica para a construção de antenas que precisam ser rapidamente configuradas para transmitir diferentes comprimentos de ondas eletromagnéticas.

"O kirigami é um modelo natural para um processo de fabricação, devido à simplicidade com que formas complexas em 3D podem ser criadas a partir de uma única peça 2D de material", disse Yury Gogotsi, PhD, Professor Distinto e Bach da Faculdade de Engenharia da Drexel, e coautor da pesquisa.

Para mudar a configuração de antenas tradicionais é necessária a adição de circuitos que aumentam sua complexidade, tornando-as mais volumosas, mais vulneráveis a falhas e mais caras de fabricar.

Entretanto, usando a técnica de kirigami, é possível produzi-las para serem flexíveis, leves e duráveis -- características cruciais para seu uso em componentes de robótica e aeroespaciais, por exemplo.

Para construir esse novo tipo de antena, os cientistas usaram uma folha de acetato -- um tipo de plástico transparente -- coberta com uma camada de MXene, uma tinta com alta capacidade de condução de ondas eletromagnéticas e que se adere com facilidade ao substrato, formando uma superfície durável e flexível.

"Nosso objetivo aqui foi melhorar simultaneamente a ajustabilidade do desempenho da antena, além de criar um processo simples de fabricação para novos componentes de micro-ondas, incorporando um nanomaterial versátil de MXene com designs inspirados no kirigami", disse Omid Niksan, PhD, da Universidade da Colúmbia Britânica, que foi coautor do artigo.

A frequência das transmissões é alterada puxando ou apertando a folha, permitindo a variação das frequências. Na pesquisa, as antenas de kirigami provaram ser eficazes em três bandas de micro-ondas comumente usadas: 2-4 GHz, 4-8 GHz e 8-12 GHz.

"A próxima fase desta pesquisa será explorar novos materiais e geometria para as antenas", comentou Niksan.