Cometa interestelar é registrado a partir da órbita de Marte; veja
Sonda capta corpo celeste originado em outro sistema estelar durante passagem próxima ao planeta vermelho

Um cometa de origem interestelar, ou seja, vindo de fora do nosso Sistema Solar, foi registrado passando próximo a Marte por duas sondas da Agência Espacial Europeia (ESA).
O corpo celeste, chamado 3I/ATLAS, é apenas o terceiro cometa desse tipo já identificado e foi observado no dia 3 de outubro, a uma distância de cerca de 30 milhões de quilômetros do planeta vermelho, considerada pequena em escala astronômica.
As naves Mars Express e ExoMars Trace Gas Orbiter, que orbitam Marte, foram responsáveis por esse feito raro. Ambas possuem câmeras desenhadas para captar imagens da superfície marciana, a poucos quilômetros de distância.
Por isso, os cientistas não tinham certeza se conseguiriam registrar um objeto tão distante e até 100 mil vezes mais fraco do que seus alvos habituais.
Mesmo assim, a câmera CaSSIS, da ExoMars, conseguiu captar imagens do cometa como um ponto branco levemente difuso. Esse ponto representa o núcleo gelado e rochoso do cometa, envolvido por uma nuvem de gás e poeira chamada coma, formada à medida que o calor do Sol aquece o corpo celeste e libera materiais voláteis.
A cauda, por enquanto, não foi observada, mas deve se tornar visível em breve, conforme o cometa continua se aproximando do Sol.
As imagens foram obtidas com longas exposições, até cinco segundos no caso da ExoMars, para tentar capturar a tênue luminosidade do cometa. Já a sonda Mars Express teve mais dificuldade, pois sua câmera permite apenas 0,5 segundo de exposição. Ainda assim, cientistas esperam que a combinação de diversas imagens possa revelar mais detalhes.
Além das fotos, os instrumentos a bordo das sondas tentam analisar o espectro da luz refletida pelo cometa para identificar sua composição química. No entanto, ainda não está claro se a coma e a cauda estavam brilhantes o suficiente para fornecer dados conclusivos.
O 3I/ATLAS foi descoberto em 1º de julho de 2025, por um telescópio do projeto ATLAS, no Chile. Sua trajetória e velocidade confirmaram rapidamente que ele não se originou no nosso Sistema Solar, mas sim em torno de outra estrela, possivelmente sendo lançado no espaço após interações com um planeta gigante ou uma estrela vizinha.
Estima-se que ele tenha mais de 7 bilhões de anos, o que o tornaria cerca de 3 bilhões de anos mais antigo que o Sol. Objetos como ele oferecem pistas valiosas sobre a formação de sistemas estelares distantes e podem revelar semelhanças com os processos que originaram planetas e cometas em nossa própria vizinhança espacial.
Apesar de sua alta velocidade, cerca de 220 mil quilômetros por hora, o cometa não oferece risco à Terra. Seu ponto mais próximo do nosso planeta será de aproximadamente 273 milhões de quilômetros, do lado oposto ao Sol.
O próximo passo será uma nova tentativa de observação com a missão Juice, também da ESA, que estuda as luas geladas de Júpiter. Em novembro, a sonda poderá observar o cometa quando ele estiver ainda mais ativo, liberando maiores quantidades de gás e poeira após a passagem pelo ponto mais próximo do Sol.
A ESA também se prepara para missões futuras dedicadas exclusivamente a estudar objetos como o 3I/ATLAS. Uma delas é o projeto Comet Interceptor, com lançamento previsto para 2029, que ficará em órbita à espera de um alvo.
First images of comet #3I/ATLAS from Europe's Mars orbiters 😍
Observing the comet from 30 million km away, #ExoMars reveals the halo of gas and dust surrounding the comet's nucleus.
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— ESA Science (@esascience) October 7, 2025


