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    Primeiro satélite 100% brasileiro será lançado no próximo domingo (28)

    Amazonia-1 deve fornecer dados de sensoriamento remoto para observar e monitorar o desmatamento, especialmente na região amazônica

    Washington Luiz, colaboração para a CNN

    Depois de 13 anos, o primeiro satélite totalmente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil será colocado em órbita no próximo domingo (28), à 1h54 (horário de Brasília). Batizado de Amazonia-1, o equipamento já está instalado sobre o foguete PSLV-C51, na Primeira Plataforma de Lançamento do Centro Espacial de Satish Dhawan em Sriharikota, Índia. 

    Na quinta-feira (25), a Organização Indiana de Pesquisa Espacial informou que o ensaio de lançamento da missão foi concluído com sucesso. Além do Amazonia-1, outros 18 satélites estarão a bordo do veículo indiano. 

    O satélite brasileiro será colocado numa altitude média de 752 km acima da superfície da Terra. O equipamento terá uma órbita síncrona com a do sol e vai gerar imagens do planeta a cada 5 dias.

    Isso será possível com um imageador óptico de visada larga (câmera com três bandas de frequências no espectro visível VIS e uma banda próxima do infravermelho Near Infrared ou NIR) capaz de observar uma faixa de aproximadamente 850 km com 64 metros de resolução. 

    “O Amazonia-1 vai servir para fazer uma varredura da nossa superfície, dos biomas terrestres e marítimos. Ele será usado para monitorar o desmatamento, principalmente na região amazônica, a agricultura e poderá receber demandas para verificar situações ambientais específicas”, explica Carlos Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). 

    Além do novo satélite, outros dois equipamentos produzidos pelo Brasil em parceria com a China fazem esse tipo de trabalho: o CBERS-4 e o CBERS-4A.

    “Isso aumenta a probabilidade de enxergar a superfície mesmo quando há ocorrência de nuvens. Se um dos CBERS fizer o registro de um ponto onde há muita nebulosidade em um determinado dia, o Amazonia-1 pode passar por esse mesmo local depois, mas em um dia mais ensolarado, e obter imagens melhores. Com informações dos três equipamentos teremos mais chances de ter um imageamento completo”, ressalta Moura. 

    Segundo o presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), Julio Shidara, outra vantagem do Amazonia-1 é que ele fará uma órbita otimizada para atender as necessidades do Brasil. “Ele vai fazer um trajeto que permitirá uma cobertura focada no território brasileiro. Ao contrário dos CBERS, que estão em uma órbita que atende o Brasil e China”, destaca. 

    A expectativa do governo é de que a experiência sirva de modelo e consolide a construção de outros satélites de maior complexidade. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), trará ganhos como a validação da Plataforma Multimissão (PMM) e o desenvolvimento da indústria nacional dos mecanismos de abertura de painéis solares. 

    Satélite Amazonia-1
    Ilustração do satélite brasileiro Amazonia-1
    Foto: Ministério da Ciência e Tecnologia

    No setor aeroespacial, o lançamento do Amazonia-1 também é visto com otimismo. “Cada vez mais, a sociedade e a economia, dependem de sistemas espaciais. E, do ponto de vista estratégico e de soberania nacional, não é nada bom que um país dependa totalmente de sistemas espaciais estrangeiros. O primeiro satélite brasileiro tem o potencial de representar um verdadeiro divisor de águas para o setor espacial brasileiro”, diz Shidara. 

    Ele também considera que, caso o Programa Espacial Brasileiro seja adotado como programa de estado, o setor poderá conquistar posição de protagonismo no cenário mundial, à semelhança do que ocorreu no setor aeronáutico.

    Novos projetos

    O projeto do Amazonia-1 teve início em 2008 como parte da Missão Amazônia, que prevê outros dois satélites de sensoriamento remoto: Amazonia 1, Amazonia-1B e Amazonia-2. “Demorou mais tempo que o normal, que seria de 4 a 5 anos, mas foi um desenvolvimento novo, teve também as questões orçamentárias. Acreditamos que as novas versões desses tipo de satélite possam ser feitos em um tempo bem menor”, diz Moura. 

    Segundo o presidente da AEB, o processo utilizado na construção do satélite que será lançado no processo domingo poderá ser aproveitado para os equipamentos subsequentes. 

    Ao todo, o governo investiu aproximadamente R$ 300 milhões no projeto. Outros R$ 130 milhões vão para a empresa indiana que venceu a licitação para lançar o satélite. Embora o Brasil tenha a Base de Alcântara, no Maranhão, ela não pode ser usada, pois não tem capacidade para realizar o lançamento de um equipamento com 640 kg.

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