Recém-estrelado, omakase em São Paulo oferece imersão no Japão tradicional
Com menu omakase e apenas oito lugares, o Kanoe oferece uma imersão sensorial na gastronomia japonesa em São Paulo — técnica refinada, ambiente minimalista e uma experiência inesquecível
Ir ao Kanoe, um restaurante japonês daqueles mega exclusivos — e sim, aqui o “mega” é mais do que merecido — é uma experiência daquelas que ficam na memória. Comandado pelo talentoso chef Tadashi Shiraishi e sua esposa Patrícia Bianco, o Kanoe entrega uma experiência gastronômica especial em São Paulo, não à toa, acaba de conquistar sua primeira estrela Michelin.
A fachada da casa dá um tom de mistério. Escura e discreta - até pouco tempo atrás, nem placa havia na porta -, ela não revela nada do que está por vir. Mas, ao cruzar a entrada, um mundo completamente diferente se revela: um dos balcões de comida japonesa mais clean e sofisticados, com apenas oito lugares, oferece a sensação de entrar em um universo paralelo.
A jornalista e curadora gastronômica Luiza Fecarotta descreveu, em seu perfil do Instagram, que é como "atravessar a porta da toca do coelho de Alice no País das Maravilhas" — e, de fato, parece mesmo.
No Kanoe, tudo é mágico: o ambiente minimalista, as louças trazidas do Japão e escolhidas a dedo pelo casal de proprietários, os sons e tons sutis, e, claro, os pratos.
E falando em pratos... que experiência! O shari — o arroz do sushi — é impecável. Preparado diante dos olhos do comensal, exala um perfume delicado de vinagre e temperos, que toma o ar por breves segundos. Ao longo do menu, é possível perceber a evolução do arroz: textura, temperatura e sabor se transformam em cada etapa, revelando uma construção de sabores milimétricamente pensada.
Na sequência de sushis, montados um a um com precisão diante do cliente, cada peça recebe uma pincelada sutil de shoyu e é servida sobre uma base de acrílico translúcida. Nas primeiras mordidas, o calor do arroz ainda embaça a superfície. Aos poucos, a temperatura vai caindo — e esse detalhe, quase imperceptível, também se traduz no paladar: muda a textura, muda a sensação, muda a experiência.
Entre as peças, espere cortes nobres como toro, toro aburi, akami, vieira, pargo, namorado e carapau — todos em perfeito equilíbrio entre frescor, técnica e minimalismo.
Para quem já conhece o Kanoe, aberto em 2022, é notável como o menu atual está ainda mais focado nos sushis e nos preparos tradicionais da culinária japonesa. Tadashi deixa de lado as criações com influências ocidentais para fazer brilhar a essência e o minimalismo da cozinha japonesa — na complexidade do arroz, no frescor dos peixes capturados artesanalmente em águas brasileiras, na cultura por trás dos pratos cerimoniais e nas receitas clássicas que, aos poucos, vêm se perdendo entre as novas gerações.
“Quero fazer uma comida com poucos elementos, que minha avó pudesse entender. Que preserve o legado dos meus ancestrais e, ao mesmo tempo, emocione em uma jornada tranquila e única”, afirma o chef.
E ele faz exatamente isso. Uma experiência omakase autêntica, que emociona com sua técnica, precisão, cuidado e um serviço impecável — daqueles raros de se encontrar hoje em dia. Aqui, a pressa não tem vez. O Kanoe oferece apenas um serviço por noite, com início pontual às 19h.
O valor? R$ 1.300 por pessoa no menu de 18 etapas. A casa não oferece menu harmonizado.
Kanoe: Alameda Itu, 1578 – Jardins - São Paulo - SP / Funcionamento: de terça a sábado, pontualmente às 19h (exclusivamente com reservas pelo Tock).
