Clarissa Oliveira
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Clarissa Oliveira

Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

Análise: Tensão na família Bolsonaro abre porta para Tarcísio

Cotado para o Planalto em 2026, governador ganha oportunidade de se distanciar de radicalismos

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo  • Pablo Jacob/Governo do Estado de SP
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Tarcísio de Freitas passou as últimas semanas empenhado em se manter discreto e cauteloso diante da tensão política que cerca o bolsonarismo e assim deve permanecer. Esta é a avaliação que circula no entorno do governador paulista, diante do novo indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que agora se estende também a seu filho Eduardo.

Hoje, diante da repercussão do relatório da Polícia Federal, Tarcísio insistiu que sua relação com Jair Bolsonaro seguirá a mesma e avisou que não comentaria uma conversa de pai para filho. Falou em amizade, lealdade e gratidão.

Mas as poucas palavras do governador se somam ao sentimento claro entre seus aliados de que os últimos acontecimentos abrem uma porta: ele ganha a oportunidade de se descolar do bolsonarismo radical, assumindo um papel de liderança de uma direita mais “moderada”. Mas sem romper a ponte com Jair Bolsonaro.

Em geral, interlocutores do governador dizem que não há grandes surpresas no relatório da PF.

Afinal, Tarcísio e Eduardo já vinham protagonizando um distanciamento público, que ficou evidente na crise do tarifaço.

O tom de Eduardo, obviamente, é muito mais elevado nas mensagens trocadas com Bolsonaro e reproduzidas no relatório da PF. Um reflexo de a conversa ocorrer em ambiente privado.

No documento da PF, Tarcísio é pano de fundo, por exemplo, do bate-boca cheio de palavrões entre Eduardo e seu pai.

Também é alvo de ironias pesadas do deputado quando Bolsonaro comenta pesquisas de opinião para as eleições de 2026.

As críticas a Tarcísio nas rodas mais alinhadas a Eduardo não são novidade.

Ainda na largada da gestão, o governador era acusado de fazer o jogo do Centrão e criticado por barrar nomeações de “bolsonaristas raiz” em sua administração. Eram recorrentes, por exemplo, as queixas sobre sua aproximação com o hoje secretário Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD.