Fernando Nakagawa
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Fernando Nakagawa

Repórter econômico desde 2000. Ex-Estadão, Folha de S.Paulo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil. Paulistano, mas já morou em Brasília, Londres e Madri

COP30

Corporações na COP30: ESG ao público e risco regulatório nos bastidores

Para as empresas, estar em Belém significa ter uma frenética troca de informações entre concorrentes e com autoridades sobre regras e legislação

COP30 acontece em Belém, no Pará, entre 10 e 21 de novembro  • Sergio Moraes/COP30
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O número de empresas na COP30 impressiona. De montadoras de veículos a mineradoras passando fabricantes de alimentos a petroleiras, Belém vive dias de São Paulo ou Nova York com o mundo corporativo em peso.

Os setores são muito difusos, mas há duplo objetivo das corporações na capital do Pará: 1) exibir, com orgulho, o que foi feito e 2) tentar se proteger das regras e influenciar a legislação do futuro.

Ao contrário de outros grandes eventos multilaterais – como o G20, G7, BRICS e reuniões do Fundo Monetário Internacional, a COP tem uma participação expressiva do setor privado.

Com dezenas de estandes dentro e fora dos pavilhões e centenas, talvez milhares, de representantes credenciados, as corporações tornam a Conferência das Partes um evento global distinto.

O primeiro motivo que atrai tantas empresas é óbvio: em tempos de crise climática, todos querem mostrar que fazem algo pelo planeta. De fato, é preciso reconhecer que há iniciativas interessantes, e esforços genuínos em várias empresas e setores.

Mas, obviamente, há segmentos que não têm tanta coisa a mostrar, e estão em Belém para tentar limpar a barra. Um exemplo clássico: praticamente todas as grandes petroleiras estão em Belém, com representantes das grandes dos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.

A COP, porém, não se limita a uma grande feira de corporações mostrando que tentam fazer o bem para o planeta.

A frenética troca de informações

Há uma frenética troca de informações entre concorrentes, setores e com tomadores de decisão sobre regras e legislação. É aí que a COP parece mais interessante para as empresas.

Estar na Conferência tem muito valor para entender o rumo das discussões nacionais e globais e, assim, se antecipar a eventuais “riscos regulatórios”.

Ao perceber que o debate regulatório caminha para determinado caminho, empresas podem se antecipar e entender onde pisar para evitar eventual prejuízo, multa ou sanção. Ou ainda tentam mudar o rumo da discussão.

Assim, a COP se consolida como o palco onde a sustentabilidade vira estratégia de negócio. E estar em Belém definitivamente não é um ato de caridade corporativa, mas sim um investimento estratégico de alto valor.

Para o mundo corporativo, não basta apenas plantar árvores, trocar processos industriais ou prometer metas de descarbonização. Para os grandes, o clima deixou de ser uma questão ESG e se torna, a cada dia, a nova fronteira entre lucro e prejuízo. Por isso, estar em Belém é importante.

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