
Corporações na COP30: ESG ao público e risco regulatório nos bastidores
Para as empresas, estar em Belém significa ter uma frenética troca de informações entre concorrentes e com autoridades sobre regras e legislação

O número de empresas na COP30 impressiona. De montadoras de veículos a mineradoras passando fabricantes de alimentos a petroleiras, Belém vive dias de São Paulo ou Nova York com o mundo corporativo em peso.
Os setores são muito difusos, mas há duplo objetivo das corporações na capital do Pará: 1) exibir, com orgulho, o que foi feito e 2) tentar se proteger das regras e influenciar a legislação do futuro.
Ao contrário de outros grandes eventos multilaterais – como o G20, G7, BRICS e reuniões do Fundo Monetário Internacional, a COP tem uma participação expressiva do setor privado.
Com dezenas de estandes dentro e fora dos pavilhões e centenas, talvez milhares, de representantes credenciados, as corporações tornam a Conferência das Partes um evento global distinto.
O primeiro motivo que atrai tantas empresas é óbvio: em tempos de crise climática, todos querem mostrar que fazem algo pelo planeta. De fato, é preciso reconhecer que há iniciativas interessantes, e esforços genuínos em várias empresas e setores.
Mas, obviamente, há segmentos que não têm tanta coisa a mostrar, e estão em Belém para tentar limpar a barra. Um exemplo clássico: praticamente todas as grandes petroleiras estão em Belém, com representantes das grandes dos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.
A COP, porém, não se limita a uma grande feira de corporações mostrando que tentam fazer o bem para o planeta.
A frenética troca de informações
Há uma frenética troca de informações entre concorrentes, setores e com tomadores de decisão sobre regras e legislação. É aí que a COP parece mais interessante para as empresas.
Estar na Conferência tem muito valor para entender o rumo das discussões nacionais e globais e, assim, se antecipar a eventuais “riscos regulatórios”.
Ao perceber que o debate regulatório caminha para determinado caminho, empresas podem se antecipar e entender onde pisar para evitar eventual prejuízo, multa ou sanção. Ou ainda tentam mudar o rumo da discussão.
Assim, a COP se consolida como o palco onde a sustentabilidade vira estratégia de negócio. E estar em Belém definitivamente não é um ato de caridade corporativa, mas sim um investimento estratégico de alto valor.
Para o mundo corporativo, não basta apenas plantar árvores, trocar processos industriais ou prometer metas de descarbonização. Para os grandes, o clima deixou de ser uma questão ESG e se torna, a cada dia, a nova fronteira entre lucro e prejuízo. Por isso, estar em Belém é importante.



