Jussara Soares
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Jussara Soares

Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, passou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL

PL pressiona Câmara por anistia antes de possível prisão de Bolsonaro

Rebatizado de PL da Dosimetria, projeto só deve ser incluído na pauta por Hugo Motta após acordo com Senado

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Com a possibilidade de uma eventual decretação da prisão em regime fechado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o Partido Liberal voltará a insistir na aprovação do projeto de lei da Anistia na próxima semana.

O tema será levado ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na próxima reunião de líderes, prevista para terça-feira (28).

A pressão pela anistia retorna após o STF (Supremo Tribunal Federal) publicar, na quarta-feira (22), o acórdão do julgamento da trama golpista. Com isso, as defesas têm até a próxima segunda-feira (27) para apresentar recursos.

A expectativa entre advogados que atuam no processo é que o STF não demore a julgar os chamados embargos de declaração. A previsão é que o trânsito em julgado ocorra até o fim de novembro.

Com os recursos esgotados, o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, deve determinar o início imediato do cumprimento da pena. A partir disso, poderá decretar a prisão definitiva de Bolsonaro em regime fechado. O ex-presidente cumpre prisão domiciliar desde agosto.

“Alexandre (de Moraes) acelerou para publicar o acórdão. Tínhamos combinado com o Centrão de dar um tempo nesse pedido. Mas agora não tem como esperar mais e vamos levar a pauta da anistia ao presidente Hugo na próxima semana”, disse o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Segundo o parlamentar, o pedido será para que o projeto seja pautado na primeira semana de novembro.

No dia 17 de setembro, a Câmara aprovou o regime de urgência do PL da Anistia. Escolhido relator, o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) passou a chamar de PL da Dosimetria, com o foco na redução das penas aplicadas aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro.

A proposta, porém, é rejeitada tanto pela esquerda quanto pela direita, enquanto o Centrão quer evitar se desgastar com mais uma pauta.

O PL, partido de Bolsonaro, quer pautar esse texto e apresentar um destaque que restabeleça a proposta original de anistia com o perdão total aos condenados pela tentativa de golpe de Estado.

“O desânimo é do Paulinho, não nosso. Ele não tem voto para aprovar o texto dele, mas para aprovar nosso destaque da anistia nós temos”, disse Sóstenes à CNN.

Até o momento, a tendência é que o presidente da Câmara não inclua o PL da Anistia na pauta. Hugo Motta tem afirmado que só levará o texto ao plenário se houver acordo para o Senado avançar simultaneamente com a proposta, a fim de evitar desgaste entre os deputados. Até agora, porém, não há sinalização do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).