Sem pregão nos EUA, Ibovespa fecha em queda com IBC-Br e dados da China; dólar sobe

Cena fiscal no Brasil também foi foco de atenção dos investidores nesta segunda-feira

Reuters*, em São Paulo
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O Ibovespa encerrou em queda nesta segunda-feira (17), após registrar a melhor semana desde março de 2021, em sessão que foi de menor liquidez por conta dos mercados fechados nos Estados Unidos para o dia de Martin Luther King Jr. O principal índice da bolsa perdeu 0,52%, aos 106.373,87 pontos.

Papéis de empresas ligadas a commodities metálicas e ao consumo estiveram entre as principais contribuições negativas para o índice, assim como as ações de Braskem, após avanço da oferta pública secundária de ações da companhia, enquanto o setor financeiro ajudou a limitar as perdas.

O dólar, por outro lado, fechou em alta, conforme o mercado reagia à economia chinesa, avaliavam as perspectivas de aumentos de juros nos Estados Unidos e digeriam os dados melhores que o esperado sobre o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de novembro. A moeda norte-americana encerrou o dia com valorização de 0,26%, cotada a R$ 5,527.

As vendas predominaram logo no começo do pregão. Mas a liquidez menor e um tom ligeiramente mais forte do dólar no exterior terminaram por puxar a moeda para cima posteriormente e até o fechamento.

O resultado do IBC-Br vem na sequência de dados de varejo e serviço também melhores do que o esperado, embora o mercado esteja olhando com cautela os número de novembro, já considerados por alguns como de menor importância visto que desde então a variante Ômicron entrou no radar e os cenários de política monetária nos EUA e no Brasil mudaram.

A Cielo informou que as vendas do varejo em dezembro cresceram 3% na comparação com o mesmo período de 2020, descontada a inflação, diante de um Natal mais forte para o setor.

Já a pesquisa semanal Focus do BC mostrou elevação na projeção de economistas para a inflação e para o PIB em 2022 e 2023.

A expectativa pela reunião de política monetária do Federal Reserve na semana que vem também movimenta os mercados internacionais.

Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, acredita ainda que a baixa nesta segunda-feira é por conta de uma correção de mercado, já que na semana anterior, o Ibovespa fechou com uma alta de 4,1%, o melhor desempenho desde a semana encerrada em 5 de março de 2021.

"Seria interessante que o principal índice da bolsa ficasse em torno dos 105 mil pontos, para que no final desta semana ou na próxima, batesse os 109 ou 110 mil pontos", diz o especialista.

No radar

Ainda no mercado doméstico, segue no radar a pressão sobre o governo federal em torno do aumento de salário para servidores públicos, com greve prevista para esta terça-feira (18). A paralisação pode pressionar o governo por conta dos gastos públicos.

Mesmo às vésperas da primeira manifestação, o governo ainda não indicou qual estratégia seguirá para contemplar a categoria, mas cresce a expectativa que venha a existir de fato um aumento linear para todos os servidores, mesmo sem a concordância no Ministério da Economia.

A alta salarial representaria mais gastos para o governo, com temores de um descontrole fiscal, o que afeta negativamente o real.

A decisão dos estados de descongelar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis é monitorada pelo mercado. Segundo a corretora Nova Futura, a decisão pode impactar as expectativas para a inflação e para as taxas de juros.

O Banco Central fará neste pregão leilão de até 17 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de março de 2022.

Sobe e desce da B3

Veja os principais destaques do primeiro dia de pregão desta semana:

Maiores altas

  • Cielo (CIEL3) +4,95%
  • Qualicorp (QUAL3) +2,76%
  • Tim (TIMS3) +2,45%
  • Locaweb (LWSA3) +2,26%
  • BRF (BRFS3) +1,85%

Maiores baixas

  • Braskem (BRKM5) -6,73%
  • Iguatemi (IGTI11) -3,73%
  • Alpargatas (ALPA4) -3,49%
  • Rede D'Or (RDOR3) - 3,44%
  • Magazine Luiza (MGLU3) -3,32%

Dólar

A atenção do mercado se justifica pelo receio persistente em torno de aumentos de gastos - com previsões gerais de piora do déficit fiscal em 2022, ano eleitoral -, num momento em que investidores acompanham declarações de pré-candidatos à Presidência da República e de integrantes de equipes acerca do tema.

"Em tese, olhando para o dólar no mundo, o segundo semestre poderia trazer algum respiro para o Brasil, porque seria um momento de aceleração do crescimento mundial. Mas aí esbarramos com as eleições aqui", disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora. "Algum tipo de cenário mais claro para o dólar só em 2023", adicionou.

Para o Itaú Unibanco, o real seguirá "historicamente depreciado" com as incertezas externas e domésticas. A instituição manteve estimativas de taxa de câmbio de US$ 5,50 ao fim de 2022 e US$ 5,75 em 2023.

"Mesmo com elevação da taxa Selic, o cenário global (com aumento da taxa básica de juros americana diante das pressões inflacionárias) e as incertezas relacionadas à evolução das contas públicas nos próximos anos impedem uma expressiva apreciação da moeda nos próximos anos", disse o banco.

Cenário externo

O foco dos investidores é o PIB da China, que se recuperou em 2021 com o melhor crescimento em uma década ajudada por exportações robustas, mas existem sinais de que a força está desacelerando com o enfraquecimento do consumo e a crise do setor imobiliário, indicando a necessidade de mais suporte.

A expansão no quarto trimestre atingiu mínima em um ano e meio, mostraram dados do governo nesta segunda-feira pouco após o banco central agir para impulsionar a economia com um corte na taxa de empréstimo pela primeira vez desde o início de 2020.

A economia cresceu 8,1% no ano passado - melhor expansão desde 2011 - acima da previsão de 8,0%. O ritmo ficou bem acima da meta do governo de "acima de 6%" e da expansão revisada de 2020 de 2,2%.

Contudo, na comparação trimestral, o PIB avançou 1,6% entre outubro e dezembro, contra expectativa de alta de 1,1% e ganho de 0,7% no trimestre anterior. O dado pode afetar a recente alta das commodities que puxaram o Ibovespa para cima na última semana.

A China é um dos maiores consumidores do mundo e reduzir a demanda pode impactar a Vale, por exemplo, já que o país asiático é seu principal cliente, reduzindo o desempenho da companhia na bolsa e impactando de forma direta o Ibovespa. A empresa tem participação de 15% na carteira do principal índice da bolsa.

Segundo Priscila Yazbek, comentarista da CNN, "a economia chinesa está perdendo força por conta da Evergrande (setor imobiliário) e da pandemia".

Os mercados asiáticos fecharam nesta segunda-feira sem direção única, após a economia da China crescer mais do que o esperado no último trimestre.

Estados Unidos

A elevação de juros nos Estados Unidos também segue no radar dos investidores, com o mercado esperado um aumento já no mês de março. Além da temporada de balanços norte-americana que começou na última semana com o setor financeiro.

Os temores sobre o tema aliviaram na semana passada após falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e um dado de inflação em linha com o esperado.

Dados fracos nos Estados Unidos, em especial as vendas no varejo, têm levado investidores a migrarem recursos para mercados emergentes e commodities, em busca de maiores ganhos. Como resultado, o dólar também vem perdendo força no mundo.

Mesmo assim, qualquer alta de juros afeta os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americana ainda mais atrativos para os investidores.

*Com CNN Brasil Business

Errata: Versão anterior deste texto afirmava que dólar havia fechado em queda. O correto é que a moeda norte-americana encerrou o dia em alta. A informação foi corrigida.

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