Cecafé: Impacto do tarifaço seria tragédia ambiental, social e econômica
Em entrevista à CNN, o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, destaca que a continuidade das tarifas sobre produtos agrícolas brasileiros poderia causar impactos severos na cafeicultura
Na última quinta-feira (20), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que determinou a remoção das sobretaxas de 40% sobre parte "determinados produtos agrícolas" importados do Brasil a partir do dia 13 de novembro. Em entrevista à CNN, Marcos Matos, diretor-geral da Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), avaliou que a decisão do presidente americano de encerrar o tarifaço, evitou uma possível perda de até US$ 4 bilhões para o setor cafeeiro nacional. A medida beneficia também outros produtos como carne, frutas e castanhas.
Segundo Matos, o mercado de café do Brasil com os EUA representa aproximadamente cerca de US$ 3 bilhões. "Mesmo com volumes de exportação 20% menores, as receitas cambiais registraram aumento de 27% devido à valorização expressiva do café no mercado mundial."
Impactos evitados
Durante o período de incerteza sobre as tarifas, o setor já enfrentava desafios significativos. Matos explica que outros países importadores, percebendo a fragilidade do Brasil neste cenário, começaram a negociar descontos nas compras do café brasileiro. "O diferencial de preço, que inicialmente era menor, chegou a atingir - 30, prejudicando as negociações com mercados importantes como a Europa."
O setor cafeeiro brasileiro já estava sentindo os primeiros impactos através de contratos em aberto, postergados ou cancelados. "A continuidade do tarifaço poderia resultar em uma situação ainda mais crítica para toda a cadeia produtiva, afetando principalmente os produtores que acompanham as cotações internacionais", explica o diretor.
A suspensão das tarifas representa um alívio para o setor, que temia um prejuízo ainda maior. "É muito difícil de se calcular o que aconteceria com a cafeicultura, mas seria uma tragédia ambiental, social e econômica", conclui Matos.


