Economista explica o que levou à desaceleração do PIB no 3º trimestre

Em entrevista ao Live CNN, o economista André Valério explica que, apesar da desaceleração, setores como indústria e investimentos tiveram bom desempenho, enquanto consumo das famílias apresentou fraqueza

Da CNN Brasil
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A economia brasileira voltou a desacelerar no terceiro trimestre de 2025, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,1% na comparação com o segundo trimestre deste ano. Na comparação com o mesmo período de 2024, o crescimento foi de 1,8%.

Segundo André Valério, economista sênior do Inter, em entrevista ao Live CNN, o resultado ficou dentro do esperado pelo mercado, que projetava uma alta de 0,2%. "Mesmo com a taxa de juros muito elevada e o tarifário americano, os principais setores sensíveis a esses fatores tiveram até um bom desempenho", explicou Valério.

O investimento, medido pela formação bruta de capital fixo, avançou 0,9%, enquanto a indústria cresceu 0,8%, sendo o setor com maior alta entre os analisados. A agricultura teve alta de 0,4% e o setor de serviços cresceu apenas 0,1%.

"O que chama nossa atenção é o fraco desempenho do consumo das famílias, que avançou apenas 0,1%, enquanto o gasto do governo avançou bem forte, 1,3%", apontou o economista.

Consumo das famílias preocupa

O baixo crescimento do consumo das famílias contrasta com outros indicadores econômicos positivos. "Estamos com o mercado de trabalho com a taxa de desocupação nas mínimas históricas e renda real em patamar recorde, crescendo acima da inflação em ritmo robusto. Ainda assim, vemos o consumo tendo esse desempenho fraco", destacou o economista.

Paralelamente, foi observada uma queda na taxa de poupança, sugerindo que as famílias estão acessando suas reservas para fazer frente aos gastos. "Tem uma certa fragilidade que não está conversando com esses outros dados, principalmente o mercado de trabalho - mas, ao mesmo tempo, o mercado de trabalho tem uma defasagem muito grande", afirmou André Valério.

Valério também apontou que os dados mais recentes do CAGED já indicam uma desaceleração mais firme do mercado de trabalho formal, o que pode explicar a cautela dos consumidores.

Expectativas para redução da taxa de juros

Apesar da desaceleração econômica, Valério acredita que o Banco Central deve iniciar um ciclo de cortes na taxa de juros em janeiro de 2026. "É um início tímido de um corte de 25 pontos básicos, mas que a gente tenha uma sequência de cortes ao longo de 2026", afirmou.

O economista ressaltou que, mesmo com essa acomodação do crescimento, a economia brasileira ainda está muito resiliente, crescendo acima da tendência pré-pandemia. Ao mesmo tempo, as últimas leituras da inflação mostram uma dinâmica benigna, caminhando para ficar dentro do teto da meta de 4,5% em 2025.

"Mesmo com esses cortes ao longo de 2026, a Selic ainda ficará em patamar restritivo, gerando essa desaceleração adicional na economia e na inflação", concluiu Valério.

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