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    ‘Desligue seu home broker e mantenha a calma’, aconselha especialista

    Corretores analisam reação dos investidores após quinto circuit breaker na bolsa brasileira

    Operadores na Bolsa de Frankfurt, na Alemanha (09.mar.2020)
    Em menos de 30 minutos após a abertura, a bolsa brasileira interrompeu as negociações acionando, pela quinta vez em menos de duas semanas, o circuit breaker. Mesmo após a pausa, o índice continuou despencando e bateu a marca de 14% por volta das 11h, indicando a possibilidade de uma nova interrupção se a queda atingir os 15%.

    O movimento é uma reação às recentes medidas tomadas em conjunto por grandes Bancos Centrais do mundo, liderados pelo americano Federal Reserve (Fed), em resposta ao avanço do coronavírus. Frente ao desespero dos investidores, analistas das principais corretoras do Brasil tentam prever os movimentos de seus clientes e debatem quais os próximos passos a serem tomados.

    “Os investidores entraram em pânico com a notícia de redução da taxa de juros, anunciada no domingo (15) pelo Fed, em uma reunião extraordinária. Essa antecipação chamou atenção de forma negativa, porque o Banco Central americano pode estar vendo algo que o mercado ainda não viu”, afirma Thiago Salomão, analista de ações da Rico Investimentos.

    Rafael Ribeiro, analista de ações da Clear Corretora concorda. “A decisão inesperada do Fed gerou uma nova onda de pânico no mercado. Esse senso de urgência intensificou a hipótese de que a desaceleração da economia será mais forte do que o projetado. Esse medo dos investidores é traduzido no mercado financeiro pela alta volatilidade. Esse deve ser o tom desta segunda-feira.”

    Já na análise de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos, o raciocínio dos investidores é simples: a autoridade monetária possui informações que não estão disponíveis aos demais participantes do mercado. “Ao anunciar uma decisão tão drástica, o Fed indica que a situação é muito pior do que se imaginava”, diz o especialista.

    Impactos no Brasil

    No cenário doméstico, além dos efeitos da pandemia e da guerra comercial do petróleo, o Brasil enfrenta alguma instabilidade política, na opinião dos especialistas. Esse fator, além de expulsar o investidor estrangeiro, abalaria a confiança das empresas nacionais.

    “As medidas anunciadas dão margem a interpretação de que a situação vai piorar nos próximos dias. No Brasil, além do coronavírus, ainda há o agravante do desalinhamento político entre governo e Congresso, que pode afetar o andamento da agenda de reformas necessárias para melhora da economia brasileira”, diz Thiago Salomão, da Rico Investimentos.

    O ministro Paulo Guedes, em entrevista exclusiva à CNN Brasil, disse que o clima de negociação entre os poderes é favorável e que a economia brasileira deve sentir menos os efeitos da crise se os investidores não se entregarem à “psicologia do fracasso”.

    Para Bevilacqua, esse pensamento faz sentido. “Apesar de ser uma hipótese improvável, não é impossível que os bancos centrais, assim como as demais organizações, reajam de maneira exagerada e incorreta”, afirma. “Apesar de o dia prometer ser movimentado, a recomendação para os investidores é tentar evitar o pânico. Se a intenção não for comprar, desligue seu home broker e mantenha a calma.”

    Reforçando o cenário de incerteza, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve se reunir ainda hoje para realizar mais um corte na Selic. Atualmente, a taxa básica está em 4,25% e pode cair ao patamar histórico de 3,75%.

    A expectativa parte dos dados divulgados nesta segunda-feira (16) no Boletim Focus, pelo Banco Central (BC). No estudo, a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) passou de 2,23% para 1,68%, em apenas quatro semanas.

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