Análise: O que esperar dos EUA na negociação de tarifas
Histórico de negociações do líder americano mostra padrão de ameaças iniciais seguidas de flexibilização, mas demandas políticas ao Brasil podem complicar acordo
O padrão de negociação de Donald Trump em disputas comerciais internacionais sugere possível flexibilização nas tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros. A análise considera o histórico de negociações anteriores, onde ameaças iniciais foram posteriormente amenizadas.
Trump tradicionalmente inicia negociações com posições duras, apresentando-se como "o grande negociador do mundo" e ameaçando impor tarifas severas. No entanto, costuma deixar espaço para recuos estratégicos, sempre buscando apresentar os resultados como vitórias para os Estados Unidos.
O caso da China exemplifica essa estratégia: após ameaças de tarifas elevadas, Trump acabou aceitando negociações. Essa tendência levou operadores de Wall Street a apelidarem seu comportamento de "TACO" (Trump Always Chickens Out), sugerindo que frequentemente recua de suas ameaças iniciais.
No caso específico do Brasil, um elemento complicador é a natureza das demandas. A carta enviada a Lula contém exigências majoritariamente políticas, diferindo de casos anteriores que se concentravam em questões comerciais. Esta característica pode levar o conflito para a esfera judicial nos Estados Unidos.
Existe a possibilidade de importadores de produtos brasileiros questionarem legalmente as medidas, argumentando sua ilegalidade perante a justiça americana. No entanto, esse processo judicial poderia se estender por um período considerável, prolongando a resolução do impasse.


