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CNA pede que Comissão Europeia investigue varejistas francesas por boicote

Em novembro do ano passado, empresas da França anunciaram que deixariam de comprar o produto do Mercosul por não atenderem às normas da União Europeia

Da CNN Brasil
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Marfrig foi beneficiada pela retomada de exportação de carne bovina in natura para os EUA (07.out.2011)  • Foto: Paulo Whitaker/Reuters
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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) solicitou à Comissão Europeia que investigue as varejistas francesas que, em novembro do ano passado, realizaram declarações negativas sobre a qualidade a carne produzida no Mercosul, em aceno aos agricultores do país que protestavam contra o avanço do acordo negociado entre Mercosul e a União Europeia.

A petição foi apresentada nesta terça-feira (27), em Bruxelas. No documento, a CNA solicita que a Comissão Europeia investigue Carrefour, Les Mousquetairs, E. Leclerc e Coopérativve U. As varejistas controlam cerca de 75% do mercado francês.

"A CNA conclama a Comissão Europeia a investigar a conduta dos varejistas franceses e assegurar que suas ações não comprometam os esforços conjuntos da União Europeia e dos países do Mercosul para a criação de um mercado mais aberto e competitivo", diz a entidade.

A CNA alega que os anúncios coordenados por essas empresas tinham como objetivo "atacar" e "denegrir" os produtos do Brasil e do Mercosul.

"Levantaram preocupações infundadas sobre a qualidade e a segurança da carne brasileira, mesmo sendo fato que toda carne importada pela UE cumpre integralmente os padrões europeus de segurança alimentar. Tais alegações colocam em risco a reputação dos produtos brasileiros e desencorajam outros varejistas e consumidores a adquiri-los", diz a entidade.

Na petição, a CNA cita declarações públicas feitas pelas lideranças dos supermercados franceses. Em novembro, o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, afirmou que a rede deixaria de comercializar carnes oriundas do Mercosul.

Na época, Bompard disse que a carne do Mercosul era produzida "sem cumprir requisitos e normas" adotados na União Europeia.

O posicionamento do CEO do Carrefour da época estava em linha com os protestos realizados por agricultores franceses contra o acordo comercial entre o bloco europeu e o Mercosul.

"Os varejistas declararam explicitamente que boicotariam a carne proveniente dos países do Mercosul, o que representa o risco de impedir o acesso dos fornecedores de carne do Brasil e de outros países do bloco ao mercado da União Europeia", diz a CNA.

Após a repercussão negativa do caso, o CEO do Carrefour enviou uma carta de desculpas ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, citando a "qualidade e respeito às normas" da carne brasileira e alegando que houve "confusão" na comunicação.

Na última segunda-feira (26), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse esperar que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia seja assinado até o final deste ano.

O acordo comercial foi anunciado em 2024, mas ainda precisa ser ratificado pelos Parlamentos dos países do Mercosul, assim como pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu.

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