Com dificuldade, governo poderá mudar meta fiscal em 2026, alerta Salto
Segundo análise de Felipe Salto, economista da Warren Investimentos, projeções apontam déficit de R$ 96,6 bilhões, distante da meta de superávit de R$ 34 bilhões
A meta fiscal do governo para 2026 enfrenta desafios significativos e poderá ser alterada, segundo o economista Felipe Salto, da Warren Investimentos. As projeções atuais indicam um déficit de R$ 96,6 bilhões, valor consideravelmente distante do superávit de R$ 34,3 bilhões estabelecido como meta.
O novo arcabouço fiscal estabelece dois parâmetros principais: a regra de gastos, que limita o investimento das despesas, e a meta de resultado primário, que inclui bandas superior e inferior.
Apesar de uma melhora nas contas públicas, com o déficit primário passando para cerca de 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025, de 2,5% em 2023, os resultados ainda são insuficientes para alcançar o superávit primário necessário.
“Precisamos reconhecer que está havendo uma melhora nas contas públicas. O problema é que ela é insuficiente para obter o superavit primário, condição necessária para caminhar em direção às condições de sustentabilidade da dívida pública, que está muito grande e crescendo”, explica Salto em entrevista ao CNN Money.
O governo busca alternativas para incrementar as receitas, incluindo a divisão da MP (Medida Provisória) 1303 em dois projetos distintos.
Entre as medidas propostas estão a tributação das bets, regulamentação de fintechs e cortes em gastos tributários que podem gerar aproximadamente R$ 10 bilhões para a União.
Gastos das Forças Armadas e impacto no arcabouço fiscal
A aprovação recente pelo Congresso de investimentos de R$ 30 bilhões para as Forças Armadas, fora do arcabouço fiscal, representa um desafio adicional para a gestão das contas públicas, segundo o economista-chefe.
Salto alerta que essa prática de excluir despesas da regra fiscal pode comprometer a efetividade do arcabouço, mesmo que os valores individuais pareçam pequenos quando distribuídos ao longo dos anos.
A aprovação no Senado da medida libera R$ 5 bilhões anuais fora do arcabouço para as Forças Armadas. Para o economista-chefe, a decisão é equivocada e representa um retorno à contabilidade criativa nas contas públicas brasileiras.
A medida foi aprovada com 57 votos favoráveis e apenas quatro contrários no plenário do Senado. O texto segue agora para análise da Câmara dos Deputados.
Na avaliação do economista, a proposta deveria ser vetada ao chegar para sanção, por representar um risco à saúde das contas públicas brasileiras.
"Se você quer gastar mais com as Forças Armadas, tem que gastar menos com outras coisas", afirma o economista, destacando que todos os gastos públicos devem estar sujeitos às mesmas regras.


