França pagará US$ 10 bi para controlar EDF, maior companhia de energia do país
Estado francês já possui 84% da EDF, que foi prejudicada por interrupções em sua frota nuclear, atrasos e custos excessivos na construção de novos reatores
O governo da França está oferecendo pagar 9,7 bilhões de euros (US$ 9,85 bilhões) para assumir o controle total da EDF, em um acordo de compra que lhe dá liberdade para administrar a maior operadora de energia nuclear da Europa enquanto enfrenta uma crise de energia que se espalha em todo o continente.
O Ministério das Finanças francês disse em comunicado na terça-feira (19) que o governo oferecerá aos acionistas minoritários da EDF 12 euros por ação, um prêmio de 53% sobre o preço de fechamento em 5 de julho, um dia antes de o governo anunciar sua intenção de nacionalizar totalmente o grupo de energia, que sofre com endividamento.
As ações da EDF, que voltaram a ser negociadas na terça-feira após uma suspensão de uma semana com detalhes pendentes do plano do governo, saltaram 15% para 11,80 euros às 08h36 (horário local).
O Estado francês já possui 84% da EDF, que foi prejudicada por interrupções não planejadas em sua frota nuclear, atrasos e custos excessivos na construção de novos reatores e tetos tarifários de energia impostos pelo governo para proteger as famílias dos preços crescentes da eletricidade.
A guerra na Ucrânia aprofundou a crise no grupo, obrigando-o a comprar eletricidade no mercado a preços historicamente altos e vendê-la a níveis mais baratos para seus concorrentes.
A França disse que a nacionalização da EDF aumentará a segurança de suas reservas de energia enquanto a Europa luta para encontrar alternativas ao fornecimento de gás russo.
O aumento dos preços apertou os fornecedores de energia em toda a Europa e, no início deste mês, a Alemanha decidiu resgatar a Uniper, sua maior importadora de gás russo.
A França, que normalmente estaria exportando eletricidade nesta época do ano, está atualmente importando da Espanha, Suíça, Alemanha e Grã-Bretanha, e a crise de oferta deve piorar neste inverno.
“A nacionalização é, em última análise, a única maneira de salvar a empresa e garantir a produção de eletricidade”, disse Ingo Speich, chefe de sustentabilidade e governança corporativa da Deka Investment, que detém uma pequena participação na EDF. “Este é um passo amargo, mas necessário.”
Com a agência de rating S&P estimando que a dívida da EDF pode chegar perto de 100 bilhões de euros este ano, um detentor de títulos do grupo disse que a proposta de compra é um sinal bem-vindo de apoio do governo.
No entanto, muito mais precisava ser feito para estabilizar o balanço da companhia, acrescentou o detentor dos títulos.
Um banqueiro com conhecimento do assunto disse que o Estado, que forneceu a maior parte de um recente aumento de capital de 3 bilhões de euros na EDF, provavelmente terá que injetar mais dinheiro em breve.
A EDF foi listada na bolsa de Paris em 2005 a 33 euros por ação, de modo que os investidores que comprassem as ações teriam um grande prejuízo.
Ainda assim, os analistas observaram que o governo precisaria apenas obter 90% da propriedade da EDF para poder deslistá-la.
“Achamos que a oferta parece atraente e tem alta probabilidade de sucesso”, disse Piotr Dzieciolowski, analista do Citi, em nota.
A oferta de compra será apresentada ao regulador da bolsa de valores no início de setembro.
O governo francês pretende concluir o processo de deslistagem do grupo até o final de outubro, disse uma fonte do Ministério das Finanças.
Fontes disseram à Reuters na semana passada que o governo pagaria cerca de 10 bilhões de euros para comprar os 16% da EDF que ainda não possuía, levando em conta os títulos em circulação e um prêmio para acionistas minoritários.
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